E lá vamos nós, pela oitava vez, revisitar aquele trecho crucial do primeiro texto do ano, que falava sobre janeiro… “Nosso calendário, o Gregoriano, foi construído sobre um calendário mais antigo, o Juliano. Este, por sua vez, é um aprimoramento do calendário original romano, criado por Rômulo, primeiro rei de Roma, quando da fundação da Cidade Eterna.
Rômulo teve uma ideia inusitada. Criou um ano com dez meses, que começava em março (martius, em latim).”
Nesse calendário romulano, o sétimo mês chamava-se Septembre. Sim, era um mês com nome pouco imaginativo, não estando ligado à mitologia ou à natureza. Era simplesmente isso: o sétimo mês do ano! (Aparentemente, Rômulo perdeu a criatividade e, a partir do quinto mês, passou a simplesmente enumerar os meses…)
Quando Júlio César fez a sua grande reforma no calendário (no ano 45 Antes da Era Comum) ele o fez através da criação de uma nova regra de intercalação, importando ideias do calendário egípcio, através do astrônomo alexandrino Sosígenes.
Mas antes de impor sua nova regra, ele precisava “colocar tudo nos eixos”. E, para isso, naquele ano específico, Júlio César adicionou três meses ao ano (criando o famoso Ano da Confusão). E, além disso, Júlio César mudou a ordem de alguns meses. Janeiro, que era o último, passou a ser o primeiro. E fevereiro, o penúltimo, tornou-se o segundo. Com isso, Septembre, que era o sétimo mês, foi empurrado para a nona posição.
Fazemos uso da abreviatura AEC (antes da Era Comum) em lugar de a.C. (antes de Cristo). O marco zero da Era Comum é o mesmo da Era Cristã, ou Anno Domini, mas como é sabido que o ano de nascimento de Jesus foi calculado com erro pelos primeiros cronologistas, preferimos a notação acadêmica EC (Era Comum) e AEC. Se insistirmos no uso das expressões “antes de Cristo” e “depois de Cristo” podemos acabar escrevendo frases sem sentido, como “Jesus Cristo pode ter nascido no ano 7 antes de Cristo“.
Vimos já que Quintilis (o quinto mês que virou sétimo) mudou de nome em homenagem a Júlio César, transformando-se em julho. E Sextilis (o sexto que virou oitavo) tornou-se agosto, em alusão a César Augusto.
Depois de Augusto, no ano 14 da Era Comum, assumiu o trono romano o imperador Tibério. A ele foi oferecida a homenagem de ser imortalizado no calendário, algo que foi prontamente declinado. Mas o sucessor de Tibério, Calígula, aceitou-a de bom grado. Nem Claudio depois dele; ou Nero…
Eventualmente, o mês de Septembre passou a se chamar Herculeus. Mas isso durou pouco. Ao final de muitas idas e vindas, o calendário romano sedimentou apenas as homenagens aos dois únicos imperadores que de fato contribuíram para a sua criação: Júlio e Augusto.
Septembre voltou a ser Septembre, o nosso mês de setembro (que não é o sétimo, mas o nono!).
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