Se você está iniciando, considere adquirir um binóculo antes de um telescópio. Devido a área de céu observada através de um telescópio ser geralmente muito reduzida, apontar binóculos para o céu é sempre muito mais simples para um novato. Além disso, eles são instrumentos portáteis, de manutenção simples e mais baratos se comparados aos telescópios.
Binóculos são ótimos instrumentos de aprendizagem e também serão muito úteis depois que você tiver adquirido experiência. Mas evite os binóculos com metalização “rubi” (aqueles com lentes avermelhadas). Eles perdem em transparência e não eliminam reflexos internos. Ou seja, uma má escolha para Astronomia.
Comprando binóculos
Todos os binóculos vêm com indicações impressas em seu corpo, como “10×50” ou “7×35”. O primeiro número significa o aumento e o segundo é a abertura (diâmetro da lente frontal em milímetros).
BINÓCULO com 9 vezes de aumento, objetiva com 63 mm de diâmetro e campo de visão de 5 graus. Clique na imagem para ampliar.
Um valor importante que podemos obter com esses dois números é a pupila de saída, ou seja, o diâmetro da imagem formada nas oculares.
Para calcular a pupila de saída de um binóculo basta dividir a abertura pelo aumento. Por exemplo, num binóculo 7 x 50 ela será 50/7 = 7,1 milímetros. Os binóculos astronômicos (também chamados “noturnos”) têm pupila de saída de 7 mm ou mais, oferecendo ao olho um largo feixe de luz. Por isso são ideais para a prática da Astronomia.
Luneta e telescópio
Telescópios refratores usam lentes como objetivas e são chamados popularmente de lunetas. Telescópios refletores usam espelhos na objetiva. As oculares são sempre lentes. Tanto um quanto o outro são ótimos para observar o céu, mas os refletores são geralmente mais baratos.
Há também os telescópios compostos (os catadióptricos) que usam espelhos e lentes. Cada um deles pode se apoiar em diferentes tipos de tripé ─ que chamamos “montagem”. Veja abaixo os principais tipos de telescópios e montagens.
Ao adquirir um telescópio, nunca se deixe levar pelo aumento. Isso definitivamente não é a característica mais importante. Atente para a abertura, isto é, o diâmetro da objetiva em milímetros.
A abertura nos dá a capacidade do instrumento de coletar luz. O aumento virá da relação entre a distância focal da objetiva e a distância focal da ocular, de modo que ao trocar as oculares obtemos diferentes aumentos.
Outro item relevante é a razão focal, também conhecida por f/D. Ela representa a distância focal da objetiva do telescópio dividida pelo diâmetro de sua objetiva, e nos dá o brilho da imagem por unidade de área, ou a “luminosidade” do instrumento.
Por exemplo, para uma objetiva (lente ou espelho) que forma a imagem a 50 cm de distância e possui um diâmetro de 10 cm, a relação focal será de 50/10 ou f/5.
Equipamentos com f/D pequenos são mais “luminosos”, ou seja, a imagem é mais clara. Porém, nem sempre é fácil obter grandes ampliações, de modo que são melhores para ver objetos de céu profundo, como galáxias, nebulosas etc. Equipamentos com f/D grandes são mais “escuros”, contudo obtemos ampliação mais facilmente, o que os tornam ideais para observar planetas.
O que podemos ver
Com um binóculo astronômico você pode observar crateras, planícies e grandes cordilheiras na Lua. Pode ver aglomerados estelares, estrelas duplas e identificar algumas nebulosas.
Uma das visões mais impressionantes serão os braços da nossa própria galáxia, a Via Láctea. Milhares de estrelas muito próximas, manchas escuras e esbranquiçadas, no que talvez seja o mais belo cenário do céu noturno.
Já com uma luneta com pelo menos 75mm de abertura você poderá ver estrelas até a 11ª magnitude, os anéis de Saturno (incluindo a divisão de Cassini), os maiores satélites de Saturno e de Júpiter, as faixas equatoriais e manchas giratórias (tempestades) de Júpiter, as calotas polares de Marte e inúmeros detalhes na superfície da Lua.
Segurança
ATENÇÃO: jamais olhe para o Sol. Binóculos, lunetas ou telescópios só devem ser usados para observação das manchas solares pelo método de projeção. Nunca se deve olhar diretamente para o Sol – nem mesmo a olho nu. Cuidado: a luz do Sol é intensa o bastante para causar danos irreparáveis à visão.
Continue aprendendo!
Veja dicas para observação do céu noturno. Saiba como identificar os planetas, baixe planisférios, imprima cartas celestes e aprenda a medir distâncias angulares no céu.
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