Em certas épocas do ano o planeta Mercúrio pode ser visto baixo sobre o lado Leste do horizonte, pouco antes do Sol nascer. Em outras ocasiões estará do lado Oeste, permanecendo por pouco tempo depois que o Sol já se pôs.
Na Antiguidade, os gregos acreditavam que se tratava de dois astros distintos e deram ao primeiro o nome de Apolo, o deus da luz, da razão e da inspiração. O que surgia no final da tarde foi chamado Hermes, o mensageiro do Olimpo, deus da comunicação e patrono dos comerciantes.
Em latim, Hermes é conhecido como Mercúrio, e este é o nome que permaneceu para designar o primeiro planeta do Sistema Solar, o mais próximo do Sol. Ao longo da história, ele foi observado sucessivamente por egípcios e árabes, por Copérnico e Galileu, entre muitos outros, mas desde que passamos a enviar naves espaciais para investigar o espaço, há menos de 50 anos, Mercúrio foi visitado uma única vez por uma sonda americana chamada Mariner 10.
Composição e atmosfera
Os dados obtidos pela Mariner 10 permitiram determinar a composição geológica do planeta. Mercúrio possui um manto de silicatos ao redor de um núcleo fundido, ocupando cerca de 3/4 de seu próprio diâmetro.
A densidade muito elevada, mais de cinco vezes a da água, e a presença de um campo magnético, só são satisfatoriamente explicadas supondo que ferro e níquel ocupem 65% da massa de Mercúrio. Ele seria o planeta mais denso de todo o Sistema Solar.
POR DENTRO 1-Núcleo de ferro e níquel; 2-Manto rochoso e 3-córtex.
Apesar disso, a pouca gravidade desse planeta não foi capaz de reter uma atmosfera primordial, que se dispersou pelo espaço também por causa dos fortes ventos solares. Contudo, em 1973, a Mariner 10 detectou um pequeno invólucro muito rarefeito de gases, constituído principalmente por oxigênio, sódio, hidrogênio, hélio e potássio.
Curiosidades sobre Mercúrio
Apesar de ser o planeta mais próximo do Sol, Mercúrio não é tão quente quanto Vênus, que possui um formidável efeito estufa. Sem atmosfera, Mercúrio possui, no entanto, a maior variação de temperatura de todo o Sistema Solar, entre 430ºC no periélio, na face iluminada, e -170ºC durante a noite (face escura).
Mercúrio leva quase 88 dias terrestres (87,969) para completar uma volta em torno do Sol. Para ter um ano tão curto é preciso viajar rápido (não é à toa que é chamado de o mensageiro dos deuses). No entanto, o planeta leva menos de 60 dias terrestres (58,646) para completar uma volta em torno de si mesmo (dia sideral). Faça as contas: isto significa que dois anos em Mercúrio têm apenas três dias!
Mas isso ainda não quer dizer que Mercúrio experimenta duas alvoradas a cada 58,6 dias. Devido à proximidade com o Sol e a grande velocidade com a qual o circula, Mercúrio gasta o mesmo que 175,97 dias da Terra para que o Sol reapareça no mesmo lugar no céu. Assim, enquanto o planeta gira em torno de si mesmo uma vez a cada 58,6 dias terrestres (dia sideral), leva aproximadamente 176 dias de um nascer do Sol para o outro (dia solar).
Explicando de outro modo: em relação à maioria dos outros planetas, a órbita de Mercúrio é uma elipse bem pronunciada. Assim, quando o planeta se aproxima do Sol, sua velocidade de translação é quase igual à rotação, produzindo um curioso efeito: visto de Mercúrio, o Sol pode nascer e se pôr duas vezes num único dia (sideral).
O plano da órbita de Mercúrio é inclinado 7º em relação ao plano da órbita terrestre (ou plano da eclíptica). Quando fica entre o Sol e a Terra, geralmente Mercúrio se dirige para o Sul ou para o Norte, mas em 14 ocasiões por século, ele passa na frente do Sol, num fenômeno conhecido como trânsito.
Poderíamos pensar que Mercúrio é o planeta mais quente do Sistema Solar, afinal é o mais próximo do Sol. Mas é a presença de uma atmosfera que mantém a temperatura mais ou menos uniforme e, como quase não tem atmosfera, os contrastes de temperatura em Mercúrio são elevados, podendo variar de 430ºC a -180ºC. Deve haver gelo no interior de algumas crateras polares.
A maior estrutura na superfície é uma imensa cratera com 1.300 km de diâmetro, chamada Bacia Caloris. Foi proveniente de um impacto tão violento que expulsou parte do manto de Mercúrio, criando picos de 2 km de altura e espalhando escarpas e fraturas até na face oposta do planeta.
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