Era uma vez, há muito, muito tempo, na região periférica da Via Láctea, a nossa galáxia, uma imensa nuvem de gás e poeira interestelar. Era um tipo de nuvem comum naquela região – os braços espiralados da galáxia – rica em elementos pesados, remanescentes da morte de estrelas velhas.
Certa vez, talvez perturbada pela força gravitacional de estrelas vizinhas, a nuvem começou a se contrair e a girar. Assim, sob efeito da atração entre suas próprias partículas, a concentração de material e a velocidade de rotação foram aumentando, e a nuvem foi pouco a pouco assumindo a forma de um imenso disco achatado.
A temperatura também aumentou, pois as moléculas gasosas colidiam cada vez mais umas com as outras. Era um processo mais evidente nas regiões centrais da grande nuvem, onde a pressão comprimia um número cada vez maior de partículas.
Calor e luz
Por fim, no centro do disco de matéria formou-se um corpo tão quente e maciço que, a partir de certo momento, começaram a ocorrer reações termonucleares em seu interior, dando início a uma abundante produção de energia, espalhando muita luz e calor no espaço ao redor. Assim nasceu o Sol.
Ao redor dele, a poeira e os gases residuais da nuvem ainda giravam velozmente e não podiam cair para o centro. Então se agregavam, formando um enxame de pequenos glóbulos de matéria quente.
Mas eram todos pequenos demais para se transformar em outros sóis e, ao contrário, permaneceram ligados gravitacionalmente a ele, descrevendo órbitas diversas enquanto apenas resfriavam.
Naquela época, houve um longo processo de colisões e interações recíprocas entre os corpos residuais da nuvem. Ninguém escapou ileso. A maioria foi totalmente fragmentada ou acabou sendo engolida pelo jovem Sol. Restaram os atuais planetas, e em volta de alguns deles o processo ainda se repetiu em menor escala, formando os seus satélites.
A vida na periferia
Esta é, em linhas gerais, a história do nosso Sistema Solar, originado a partir de uma nebulosa há 4,6 bilhões de anos. As bases dessa história foram formuladas há mais de três séculos e, com os avanços da Astrofísica, mantêm-se hoje, com um ou outro aperfeiçoamento, pelos pesquisadores da Astronomia Planetária.
É, sobretudo, uma história que não termina aqui. O Sol – hoje uma estrela de meia idade – vai continuar seguindo seu ciclo vital, até que as reações termonucleares de seu interior não mais consigam manter o equilíbrio.
Quando isso acontecer, novas e dramáticas alterações tanto na Terra quanto em todo o sistema planetário irão ocorrer. Será a morte do Sol. Mais uma história na bucólica vida que se leva aqui, na periferia da galáxia.
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