A hipótese sobre a formação da Lua mais aceita atualmente defende que o nosso satélite natural teria se originado a partir de um formidável impacto que a Terra sofreu há bilhões de anos.
Por mais fantástica que pareça, essa hipótese consegue explicar tanto a semelhança entre as rochas lunares e terrestres quanto alguns aspectos do movimento orbital de ambos.
A colisão deve ter ocorrido no estágio final de formação do nosso planeta, com um dos muitos “concorrentes” da Terra, fragmentos de rocha incandescente que coletavam matéria para se agregar em corpos maiores.
Nosso planeta pode ter perdido parte do núcleo durante o impacto, formando uma nuvem de poeira quente ao redor. A alta temperatura desse material (que formaria a Lua) explicaria a ausência de compostos voláteis nas rochas lunares.
A Lua primitiva era igualmente bela e assustadora. Sua distância inicial seria inferior a 50.000 km (hoje a distância média Terra-Lua é de aproximadamente 384.000 km), tornando a Lua Cheia 15 vezes maior.
Até hoje, Terra e Lua formam um sistema planetário duplo. A rigor, são como dois planetas girando em torno de um centro comum de gravidade, situado apenas algumas centenas de quilômetros abaixo da superfície da Terra.
Um mundo do faz de conta
Os cientistas ainda se perguntam quais seriam implicações caso a Lua nunca tivesse existido. Segundo uma parte da matemática popularmente conhecida como “Teoria do Caos”, pequenas variações nas condições iniciais de um fenômeno podem resultar em enormes diferenças no final.
Podemos imaginar que há bilhões de anos a recém-formada Terra tivesse um destino diferente, não sendo atingida por nenhum corpo muito massivo. Então, se a Lua nunca se formou, qual seria a massa final da Terra? E os movimentos orbitais? Será que o nosso planeta teria uma composição química muito diferente da encontrada hoje?
Estamos no limiar entre a ciência e a ficção. Não há como comprovar tais hipóteses, mas podemos fazer com que nossos propósitos estejam sempre dentro das implicações astronômicas e geológicas conhecidas. Fazendo isto, o que mais poderemos descobrir sobre o passado – e presente – do nosso mundo, supondo um planeta Terra… sem a Lua?
Sombra e dias curtos
Sem a lua não haveria eclipses, embora isso não pareça ter implicações muito sérias. Além disso saberíamos do que se tratam, pois eclipses também ocorrem entre os satélites de Júpiter, por exemplo.
Porém, sem a Lua as noites teriam uma iluminação uniforme, já que exceto pelas luzes das cidades é a luz do luar que faz a noite clara. Isso já traria algumas implicações na evolução das espécies.
Basta lembrar que o nosso medo natural do escuro vem do fato de não conseguirmos enxergar bem com pouca luz, ao contrário de certos animais predadores, que sem o luar teriam vantagem em suas caçadas noturnas.
Sem a Lua, o ciclo das marés também seria diferente. Ainda existiria a alternância entre marés alta e baixa (as marés também são provocadas pela ação gravitacional do Sol), só que em menor intensidade – 70% menor.
Com menores forças de maré, também seria menor a faixa de areia que é periodicamente coberta pela água do mar, durante a maré alta, e depois exposta ao Sol durante a maré baixa. Acontece que essa faixa de areia é habitada por uma grande diversidade de seres, importantes não somente para a vida marinha, mas também para diversas espécies de aves migratórias, que deles se alimentam.
DIARIAMENTE ocorrem duas marés altas (ou preamares) e duas marés baixas na Terra. Este ciclo é um efeito conjunto da força gravitacional do Sol e da Lua.
Sem a Lua, os dias na Terra seriam mais curtos – estima-se algo em torno de 18 horas – pois as forças de maré reduzem a rotação do planeta, alongando o dia.
É fácil de entender: tais forças agem igualmente nas partes sólidas e fluídas do planeta, mas sua ação nos líquidos é mais evidente. Assim, ao “puxar” os oceanos friccionando-os contra a crosta sólida, duas vezes por dia e por bilhões de anos, pouco a pouco diminuiu a velocidade de rotação da Terra – aumentando a duração do dia.