Na visão tradicional, o Sistema Solar é formado pelo Sol, os planetas e um cinturão de asteroides, composto por objetos menores, a grande maioria com formas irregulares, e todos situados entre as órbitas de Marte e Júpiter.
Esse modelo ignora a presença dos cometas e dos asteroides cujas trajetórias passam por entre as órbitas de vários planetas – mas até que seria aceitável, não tivéssemos hoje uma visão um tanto mais sofisticada, onde o “velho” cinturão de asteroides há muito deixou de ser o único.
BARREIRA NATURAL #SQN Muitas vezes o Cinturão de asteroides é visto como uma região densamente povoada, quase impenetrável. Só que isso não é verdade. Ali, um cubo com 100 milhões de km de lado contém, em média, um único corpo com mais de 100 km de diâmetro.
Oort e Kuiper
Em 1950 o astrônomo alemão Jan Oort formulou a hipótese de que os cometas seriam originários de uma vasta região que circunda o Sol, uma espécie de nuvem em forma de concha, cerca de cinquenta mil vezes mais afastada que a Terra.
Um ano mais tarde o astrônomo de origem holandesa Gerard Kuiper sugeriu que alguns desses objetos, tipicamente asteroides, deveriam se concentrar numa faixa contínua localizada nos limites do Sistema Solar.
Essa hipótese foi reforçada pela constatação de que existem populações separadas de cometas (chamadas “famílias de Júpiter”) com indivíduos bastante distintos daqueles provenientes da nuvem de Oort.
Eles se movem em volta do Sol em cerca de 20 anos ou menos, contra os milhares ou mesmo milhões de anos de um cometa de Oort e, além disso, percorrem suas trajetórias no mesmo sentido e quase no mesmo plano orbital dos planetas.
Finalmente, simulações em computador no início dos anos 80 previram a formação natural do cinturão de asteroides proposto por Kuiper. De acordo com este cenário, os planetas teriam se formado ao redor do Sol a partir da aglomeração de diversos elementos primordiais (os chamados protoplanetas), sendo que os resíduos não aproveitados neste processo foram gradualmente varridos da vizinhança da estrela.
Porém, além da órbita de Netuno, o último planeta gigante, ainda deveria haver uma espécie de depósito desses entulhos planetários.
Uma nova visão
A constatação veio em 1992, com a descoberta de um objeto chamado 1992QB1, com 240 km de diâmetro e à distância prevista por Kuiper. Logo foram encontrados diversos outros asteroides com dimensões similares, confirmando que o cinturão de Kuiper era real.
Dois satélites de Netuno, Nereida e Tritão, e Febe, uma lua de Saturno, por suas características orbitais incomuns são hoje considerados objetos do cinturão de Kuiper, capturados pela força gravitacional dos planetas a que agora pertencem.
Hoje existem mais de 600 objetos conhecidos no cinturão de Kuiper (veja esta gravura), todos descobertos após 1992. Entre eles está Plutão, que agora pertence a categoria dos planetas anões, Éris (que é maior que Plutão) e também Varuna (com 900 km de diâmetro) e Quaoar (com 1.250 km). Já Sedna, descoberto em 2003, tem praticamente toda sua órbita fora dessa região, indo até o limite inferior da nuvem de Oort.
CONCEPÇÃO ARTÍSTICA de Quaoar, um dos maiores objetos descobertos desde 1930, ano da descoberta de Plutão.
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