Um dos álbuns mais importantes da história do Rock chama-se The Dark Side of the Moon (1973) da banda britânica de rock progressivo Pink Floyd. O título, normalmente traduzido para o Português como “O lado escuro da Lua” vem de uma expressão há muito tempo incorporada à cultura popular, principalmente nos países de língua inglesa.
Conta-se que tudo começou em 1959, quando a sonda soviética Luna 3 transmitiu as primeiras imagens da face lunar que nunca vemos da Terra. A região foi chamada de dark side porque era desconhecida, não porque a luz solar não poderia alcançá-la.
Mas o termo pegou. E até hoje, leva ao erro cognitivo (uma espécie de “pensamento automático”) sugerindo que existe um lado da Lua que sempre está à sombra. Só que não existe.
Afastado
Existe uma sincronia entre dois movimentos da Lua: a rotação em torno de seu próprio eixo e a revolução em volta da Terra. Ao levar o mesmo tempo para dar um giro em torno de si mesma e completar uma volta na Terra, a Lua mantém sempre o mesmo lado voltado para nós.
Nunca podemos observar o outro lado, que por isso deve ser chamado de “lado oculto” ou ainda “lado afastado” (nunca “lado escuro”). Ou seja, a Lua gira sobre si mesma, só que demora tanto tempo para realizar esse movimento quanto para circular a Terra.
OS DOIS LADOS Primeiro, a imagem familiar que temos da Lua e, à direita, o lado oculto, fotografado pela nave Clementine. Repare como ele é mais craterizado que a outra face.
Longos dias, noites demoradas
Repare que existe dia e noite na Lua, do mesmo modo que por aqui. Mas essa sucessão de períodos claro e escuro duram, cada um, quase 14 dias terrestres (metade do tempo que ela leva para girar sobre si mesma, que, lembre-se, é igual ao período de revolução). Imagine só: você poderia ficar perto de 2 semanas inteiras na Lua sem chegar a ver o Sol se pôr (ou nascer)!
A rotação da Lua em volta da Terra se dá num período de aproximadamente 27 dias. Seu percurso não é circular. A Lua fica ora mais perto, ora mais longe de nós, e algumas vezes está adiantada, outras vezes atrasada. No final acaba sempre mostrando a mesma face para a Terra, mas com uma pequena oscilação que nos permite ver um pouco mais que a metade, ou 59% da superfície lunar. É a “libração óptica da Lua“.
Na Lua Nova, a face lunar voltada para nós está no escuro (não incide luz do Sol), mas o hemisfério oposto – o lado oculto para a Terra – está 100% iluminado (é dia por lá). Na Lua Cheia é oposto: vemos a face lunar onde é dia, enquanto o lado oculto, finalmente, é também um dark side ─ ainda que temporário.
As fases continuam se alternando e, durante os Quartos Crescente e Minguante, conseguimos presenciar uma metade de dia e a outra de noite. São “metades” do nosso ponto de vista, é claro. Pois sabemos que elas correspondem a 1/4 de todo globo lunar (daí a razão do nome Quarto).
+ Fases da Lua
+ O brilho de da Vinci