Astronomia no Zênite
Diário astronômico - Espaçonave Terra

Asteroides perigosos

Dez mil toneladas vindas do espaço penetram em nossa atmosfera a cada ano, com velocidades entre 11 e 70 km/s. A maioria se transforma em inocentes meteoros. Entre os principais geradores desses corpos estão os cometas, embora sejam os asteroides os candidatos preferidos pelos pesquisadores. São também os mais perigosos.

Sua composição heterogênea teria melhores condições de explicar a origem da diversidade na composição das várias classes de meteoritos. Além disso, nem todos os asteroides permanecem na conhecida faixa entre Marte e Júpiter. Colisões recíprocas e órbitas instáveis podem levá-los para longe dali.

São denominados asteroides potencialmente perigosos (em inglês Potentially Hazardous Asteroids ou PHAs) as rochas maiores que 100 m, aproximadamente, e que se aproximam do nosso planeta menos que 0,05 UA (1 UA vale aproximadamente 150 milhões de km). A tabela a seguir relaciona as passagens mais recentes de PHAs, destacando aqueles que se aproximam menos que cinco vezes a distância Terra-Lua (DL).

Fato rápido
Pesquisas sugerem que existem entre 10 e 20 mil PHAs na vizinhança
Asteroide
Data (UT)
Distância da Terra
Velocidade (km/s)
Diâmetro (m)
2025 BA
2025-Jan-20
7,9 DL
24,8
69
2025 BH1
2025-Jan-20
19,7 DL
18,4
73
2025 BV2
2025-Jan-20
11,5 DL
7,2
25
2025 AY2
2025-Jan-20
17,7 DL
23,3
71
2025 BJ
2025-Jan-20
10,7 DL
7,2
21
2025 BB1
2025-Jan-20
7,5 DL
6,3
12
2025 BC1
2025-Jan-21
13,2 DL
21,1
16
2017 BN92
2025-Jan-21
4,7 DL
6,2
27
2025 BG2
2025-Jan-22
13,6 DL
15,2
70
2025 BJ1
2025-Jan-22
7,1 DL
14,3
20
2025 BK
2025-Jan-25
15,4 DL
10,4
53
2025 BW
2025-Jan-25
10,5 DL
6,1
10
2024 YY5
2025-Jan-26
12,5 DL
2,4
14
2025 BH2
2025-Jan-27
18 DL
7,1
33
2022 BX6
2025-Jan-28
19,7 DL
14,3
24
2025 BS2
2025-Jan-29
9,8 DL
9,9
16
2025 BY1
2025-Jan-29
6,9 DL
7,7
10
2025 BJ2
2025-Jan-30
15,2 DL
15,6
37
2015 DJ155
2025-Jan-31
18,6 DL
9,2
56
2025 BR2
2025-Jan-31
13,5 DL
13,7
18
2025 BU
2025-Fev-02
8,8 DL
5,1
17
2025 BK3
2025-Fev-03
11,1 DL
3,5
10
2018 RE3
2025-Fev-03
15,5 DL
11,1
12
2022 AV4
2025-Fev-03
16,9 DL
3,4
25
2002 CC14
2025-Fev-04
8,4 DL
12,7
39
2025 BB2
2025-Fev-04
0,8 DL
6,5
27
2025 BR
2025-Fev-04
12,3 DL
6,1
18
2016 CO248
2025-Fev-07
13,5 DL
5,9
11
2020 GZ2
2025-Fev-07
17,7 DL
8,9
9
2022 PK1
2025-Fev-07
15 DL
11
33
2012 PB20
2025-Fev-09
3,5 DL
4,3
37
2004 XG
2025-Fev-16
15,6 DL
9,1
54
2025 BX1
2025-Fev-16
7,3 DL
10,3
53
2024 UD26
2025-Fev-16
16,8 DL
9,3
250
2014 CE13
2025-Fev-18
15,2 DL
18,4
55
2022 DG2
2025-Fev-19
11,5 DL
10,4
7
2016 AX165
2025-Fev-20
14,9 DL
9,2
89
2015 BK509
2025-Fev-25
9,4 DL
14,6
119
2023 RW3
2025-Fev-25
7,4 DL
5,1
18
535844
2025-Mar-05
9,6 DL
7,9
149
2021 EU3
2025-Mar-10
10,7 DL
4,4
13
2020 FO
2025-Mar-15
13,4 DL
20,6
23
2021 FH1
2025-Mar-21
3,9 DL
13,8
31
DL é a distância média da Lua (1 DL = 384.401 km). UT é a hora universal. Fonte: spaceweather.com.

Monitorando PHAs

Note que você também pode obter mais informações sobre um PHA em particular. Basta clicar sobre sua desgniação, na tabela acima. Isso vai lhe direcionar à página do JPL/NASA, contendo diversas informações – entre elas o diagrama orbital, com a possibilidade de simular sua trajetória futura.

Também disponibilizamos este diagrama que mostra o mapeamento dos impactos ocorridos na atmosfera (bólidos) entre 1994 e 2013. Para um registro ainda mais abrangente acesse este artigo.

Nenhum PHA conhecido está em curso de curso de colisão com o nosso planeta. Isso inclui os rumores de colisões de asteroides este ano ou nas próximas décadas. Por outro lado, estatisticamente não é tolice pensar que um impacto é pura questão de tempo.

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Sempre perigosos

Vários impactos já aconteceram na história recente. O mais violento foi em 1908, na Sibéria (o evento Tunguska). Outro, também de grandes proporções, aconteceu sobre o Brasil em 1930. Mais recentemente, o asteroide 2008 TC3, de apenas 3m, tornou-se o primeiro a ser detectado antes de seu impacto, ocorrido em 7 de outubro de 2008 a cerca de 36 km acima do deserto da Núbia, entre o Egito e o Sudão. Foram encontrados cerca de 4 kg em meteoritos provenientes dele. Não houve vítimas.

Foto de Alex Alishevskikh.VISITANTE EXTRATERRESTRE Um objeto celeste caiu ao longo dos Urais na manhã de 15 de fevereiro de 2013. Ele explodiu na atmosfera, e mesmo assim causou danos em edifícios e ferimentos a centenas de pessoas. Clique na foto para ampliar.

O maior impacto recente aconteceu na manhã (3:20 UTC) de 15 de fevereiro de 2013, quando um asteroide penetrou em nossa atmosfera, desintegrando-se sobre a cidade de Chelyabinsk, na Rússia (foto).

O evento foi fartamente documentado e diversos registros em vídeo indicaram uma trajetória de nordeste para sudoeste, com um ângulo raso de 20° sobre a horizontal. A velocidade de entrada foi estimada em cerca de 18 km/s (mais de 64 mil km/h).

Com base na análise das ondas sonoras de baixa frequência, detectadas por uma rede global, estimou-se que o objeto tinha um tamanho de 17 m e uma massa entre 7 e 10 toneladas quando atingiu a atmosfera. Ela explodiu a cerca de 15 ou 20 km acima do solo com uma energia equivalente a 500 quilotons de TNT (cerca de 30 vezes a energia liberada pela bomba atômica de Hiroshima).

Isso provocou um estrondo sônico que destruiu vidraças e telhados de várias edificações na cidade. Os estilhaços chegaram a ferir mais de mil pessoas e mais de 100 tiveram de ser hospitalizadas. Fragmentos do asteroide foram encontrados no lago Chebarkul e em vilarejos próximos. De acordo com a compreensão atual sobre PHAs, eventos assim são esperados uma vez a cada centena ou várias dezenas de anos.

Contudo, naquele mesmo dia, um PHA de 50m de comprimento (denominado 2012 DA14) passou a distância de apenas 27.700 km da Terra, um dos rasantes mais próximos já registrados. Mesmo assim, sua trajetória exclui qualquer relação com o evento na Rússia (entenda porque).

Bom mesmo seria se tudo isso tivesse sido útil para convencer as autoridades mundiais de que a nossa vizinhança no espaço não é tão tranquila quanto gostaríamos que fosse. Talvez só uma tragédia convença. Artigo de Astronomia no Zênite

 

Enquanto Apófis não vem
O evento Tunguska
Coruça, um impacto sobre o Brasil
Pousando em um asteroide

Referências (fontes consultadas)
• ESA. Russia asteroid impact: ESA update and assessment. Disponível em <http://www.esa.int/Our_Activities/Operations/Russia_asteroid_impact_ESA_update_and_assessment>. Acesso em 8 mar 2013.
• JPL/NASA. Target Earth. Disponível em <http://neo.jpl.nasa.gov/neo/target.html>. Acesso em 22 nov 2012.
Créditos: Costa, J.R.V. Asteroides perigosos. Astronomia no Zênite, out. 2006. Disponível em: <https://zenite.nu/asteroides-perigosos>. Acesso em: 25 jan. 2025.
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