Num dos trabalhos mais impressionantes de Van Gogh, o firmamento é retratado com pinceladas fortes, onde as estrelas são manchas num céu tumultuado, com um halo sombrio contornando a Lua. A obra “Noite estrelada“, de 1889, é considerada uma das obras de arte mais importantes do século XIX, mas é apenas um dos feitos do célebre pintor holandês que exalta aspectos do céu.
O Sol, a Lua e as estrelas são presença constante na história da arte, como elemento inspirador de pintores, poetas, escritores e toda a sorte de artistas deste mundo.
Também pudera; há algo tão vasto e fascinante quanto um céu estrelado? Talvez, somente o mar, outra imensidão exaltada frequentemente nas artes.
Porém – verdade seja dita – o espaço é infinitamente maior que a soma de todos os mares do mundo. E também é “habitado” por uma variedade imensa de “criaturas”, entre planetas e nebulosas, galáxias e quasares, buracos negros e outros personagens exóticos.
Tesouros à mostra
Para sabermos que esses objetos existem, nem sempre é preciso mergulhar os olhos nos telescópios mais poderosos. Às vezes, basta contemplar o mesmo céu estrelado de Van Gogh – a olho nu. Bem ali, diante de nossa vista erguida, entre os milhares de pontinhos brilhantes que acreditamos serem sempre estrelas, estão os planetas, por exemplo.
Para começar, todos os planetas visíveis a olho nu (alguns se destacam mais que a estrela mais brilhante) estão em órbita do Sol, assim como a Terra. Mas apenas cinco ou seis deles podem ser vistos no céu sem auxílio de uma luneta. Então, como identificá-los em meio a tantas estrelas?
Por incrível que pareça, não é difícil. Planetas não piscam. Seu brilho é estático, e não cintilante como o das estrelas. Isso porque o piscar – a intermitência luminosa de um objeto no céu – é resultado da turbulência constante em nossa atmosfera.
A luz que vem das estrelas é praticamente pontual, pois, de tão distantes, seus tamanhos (até mesmo as muito grandes) acabam sendo desprezíveis. O piscar acontece porque a atmosfera é estratificada, dividida em camadas, e porque o objeto em questão está muito longe ou é muito pequeno, sendo observado com um ponto.
É a diferença de refração de cada camada que faz com que os raios de luz de objetos assim sejam desviados continuamente antes de chegar aos nossos olhos. Por isso sua imagem escapa continuamente e ele pisca. No fim, tudo não passa de uma ilusão (no espaço, onde não existe atmosfera, os astronautas não notam o cintilar das estrelas).
Como os planetas aparecem num telescópio hoje?
Veja no Stig’s Sky Calendar os diâmetros aparentes dos planetas como seriam vistos através de um telescópio hoje – ou em qualquer outra data que você escolher.
Caçando planetas
Com planetas é diferente. Como estão muito mais perto, seus tamanhos devem ser considerados. Planetas não são vistos como pontos, mas como pequenos discos. É por causa disso que no mesmo instante em que um raio de luz vindo de um planeta foge dos seus olhos, outro ocupa o lugar.
Portanto, na pior das hipóteses (atmosfera poluída e muito turbulenta) um planeta “se sacode” por um instante ou outro, mas não cintila. Outra dica: os planetas estão sempre ao longo da mesma trajetória aparente que o Sol percorreu durante o dia, que é também o mesmo caminho da Lua no céu: o zodíaco. Por isso você nunca verá um planeta perto da constelação do Cruzeiro do Sul, por exemplo.
+ A família do Sol
+ Observação do céu