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Astronomia no Zênite
Curiosidades - Fatos & fotos

Lá vem o cometa

Cometas são corpos celestes. É importante começar assim para evitar um dos maiores mal entendidos a respeito deles: o de que é preciso estar olhando para o céu no momento certo para “vê-los passar”.

Expressões como “Olhe para o céu hoje à noite para ver o cometa passar” não fazem muito sentido.

Sendo um astro, como a Lua, cometas podem ser observados por horas, até noites inteiras. Eles não cruzam o céu velozmente, num certo momento.

Isso é com os meteoros (popularmente chamados de “estrelas cadentes”). E meteoro é um fenômeno que acontece aqui, na nossa atmosfera… Lembra do termo meteorologia?

Órbita do cometa de Halley
A ÓRBITA de um dos mais célebres: o cometa de Halley.

PATRONO
Urania Planetario

Diferentes

Cometas, assim como os planetas, descrevem órbitas em torno do Sol. Percursos fechados que, no entanto, estão longe de serem círculos (veja a gravura acima). Essas trajetórias os trazem para muito perto do Sol durante alguns poucos meses, quando o calor os faz brilhar e ser vistos. Na maior parte do tempo eles ficarão bem longe – e sem cauda alguma, mas parecendo um asteroide.

Cometas, ao contrário dos planetas, são astros pequenos. Geralmente com algumas poucas dezenas de quilômetros, no máximo. Também têm formas irregulares, como os asteroides. Sim, como você já percebeu, não é difícil confundir um com o outro – a menos que o cometa esteja exibindo sua cauda característica.

E é precisamente isso o que os diferencia dos asteroides. Os cometas também são blocos irregulares de rochas espaciais, só que estão cobertos por uma camada de gelo. É essa camada superficial que, ao ser aquecida, envolve o astro e se estende pelo espaço, formando, assim, suas estruturas mais peculiares: a coma e a cauda.

Tempel 1
UM COMETA ainda distante do Sol, sem cauda ou coma. Seu núcleo parece um asteroide comum. Foto: NASA/JPL.

Podemos destacar dois tipos de cometas: os periódicos e os não periódicos. Os primeiros tem a órbita em forma de uma elipse bem alongada, demorando menos que uns duzentos anos para percorrê-las. Ou seja, os cometas periódicos retornam as vizinhanças do Sol (ainda que por pouco tempo) em intervalos bem conhecidos.

Já os não periódicos podem até voltar, mas suas órbitas são elipses tão longas, mas tão longas que mais se parecem parábolas no trecho perto do Sol. A duração de seus percursos orbitais facilmente ultrapassa os mil anos.

Alguns, calcula-se, só retornariam muitos milhares de anos depois. Também pode ser que nunca mais voltem, fazendo uma única passagem próxima do Sol e, portanto, perto da Terra, que fica na “parte rasa” do Sistema Solar (veja O Sistema Solar em campo).



VÍDEO obtido por astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional em julho de 2020 mostra o cometa NEOWISE (C/2020 F3) nascendo pouco antes do Sol. Créditos: NASA. Música: Machinery Of The Stars de Scott Buckley.

Surpreendentes

Cometas são astros travessos. Gostam de tripudiar dos astrônomos, que são profissionais que buscam identificar padrões e ordem no Cosmos. Quando um cometa é descoberto, geralmente bem antes de sua aproximação com o Sol, faz-se uma estimativa de brilho, de como poderemos vê-lo, aqui da Terra, quando se aproximar mais. O problema é que esse brilho está fortemente relacionado à quantidade de material que dele se desprenderá com o calor do Sol. E essas ejeções são literalmente caóticas.

ASTRO COM CAUDA

A palavra cometa tem origem num termo grego que significa “cabeleira”. Os cometas, de fato, se parecem com “estrelas com cabeleira”. Muitos receberam o nome de seus descobridores. Hoje, todos são desingados por um prefixo (P para periódico e C para não periódico) seguido pelo ano de sua descoberta. Os fluxos de poeira e gás que emanam dos cometas enquanto próximos do Sol produzem caudas de naturezas distintas e apontando em direções diferentes. A cauda de poeira se estende ao longo da órbita do cometa e acaba se encurvando. A cauda de plasma, feita pelos gases ionizados, sempre aponta na direção oposta ao Sol, já que é muito mais afetada pelo vento solar que a cauda de poeira. Essa cauda de plasma se curva seguindo linhas de campo magnético em vez da trajetória orbital. Um cometa pode produzir uma, duas ou mais caudas.

Um cometa que parece potencialmente brilhante quando ainda está se aproximando pode se mostrar um fiasco na “hora H” e outro, pálido e sem graça, pode de repente dar um show nas redondezas do astro-rei. O Sol, aliás, costumeiramente engole alguns e fragmenta outros tantos, de modo que até mesmo uma primeira aproximação cometária pode ser a sua última.

Mas os cometas, com suas caudas muitas vezes exuberantes e seu brilho um tanto imprevisível, são mesmo astros magníficos. Como estão sempre vindo por aqui, atraídos pela descomunal força de gravidade da nossa estrela, já foram testemunhas e mesmo protagonistas importantes de muitos momentos da história humana.

Como são feitos das mesmas rochas primordiais que formaram o Sistema Solar, são para nós como fósseis celestes, registros de um tempo passado há bilhões de anos, literalmente.

Suas caudas podem se estender por centenas de milhões de quilômetros, literalmente passando da órbita de um planeta a outro. Suas comas podem inflar de forma descomunal, rivalizando em tamanho, mesmo com seu brilho pálido, com o mesmo Sol que os consome. Artigo de Astronomia no Zênite

Galeria de fotos de cometas

 

Cometas, os astros travessos
O incrível cometa Holmes

Créditos: Costa, J.R.V. Lá vem o cometa. Astronomia no Zênite, 31 jul. 2020. Disponível em: <https://zenite.nu/la-vem-o-cometa>. Acesso em: 26 jul. 2024.
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