Trata-se da maior obra de engenharia da história. Sozinha, ela já representou uma nova era na astronáutica. Quinze nações trabalharam juntas para construir a Estação Espacial Internacional (EEI ou ISS na sigla em inglês), a mais avançada plataforma de pesquisa espacial já construída.
A Rússia desempenhou fundamental. Os valiosos anos de experiência da Estação Mir foram decisivos.
Sequência de montagem
A construção em órbita da Terra começou em 1988 e precisou de mais de 40 lançamentos somente dos ônibus espaciais, sendo considerada oficialmente terminada em junho de 2011.
A estação tem uma massa de 454 toneladas e quase 90 m de comprimento por 43 de altura, sem considerar a extensão dos painéis solares. O espaço destinado à habitação tem um volume equivalente ao interior de dois aviões 747.
VISTA EXPANDIDA da Estação Espacial Internacional (ISS): principais módulos e seus construtores.
Pelo menos três veículos de transporte, o ônibus espacial, a nave russa Soyuz e o foguete russo Próton se encarregaram da montagem dos diversos componentes da estação espacial em órbita de Terra.
O primeiro voo foi de um foguete russo Próton em 20 novembro de 1998, colocando em órbita o módulo Zarya. O segundo foi em 4 de dezembro daquele mesmo ano, com a missão de STS-88 do ônibus espacial Endeavour, que integrou o módulo Unit ao Zarya, iniciando a sequência de montagem da estação.
A primeira tripulação permanente partiu em 31 de outubro de 2000, a bordo de um foguete Soyuz.
A órbita da ISS é inclinada 51,6° em relação à linha do equador e sua altitude é de 402 km. Sua órbita é tal que a estação pode ser facilmente alcançada por veículos espaciais lançados por todos os países participantes, possibilitando também uma excelente observação da Terra, cobrindo 85% da superfície terrestre e sobrevoando 95% da população mundial.
Benefícios
Em órbita, os experimentos científicos podem ser feitos num ambiente de “queda livre”. Como resultado, tratamentos de câncer são testados em culturas de células vivas sem riscos para os pacientes.
A sensação de ausência de peso é útil no desenvolvimento de diversos tipos de medicamentos, além da obtenção de novos materiais, como ligas metálicas mais leves e fortes e chips de computador mais poderosos ─ que não poderiam ser obtidos de outra forma, ou de outra forma seria muito mais difícil.
Alguns experimentos acontecem do lado de fora da estação, onde os efeitos da exposição ao severo meio espacial (como temperaturas extremas, altas doses de radiação e impacto de micrometeoritos) são verificados em diferentes materiais e elementos fluidos.
Observações da Terra permitem o acompanhamento mais detalhado das mudanças climáticas e o controle dos impactos causados pela influência humana no meio ambiente. Muitos novos empregos indiretos foram criados.
Parceiros
Foi em 1988 quando Ronald Reagan, então presidente dos EUA, deu a estação o nome Freedom (Liberdade). Nos anos seguintes o Congresso americano forçou cortes no orçamento original e, em 1993, o presidente William Clinton sugeriu maior participação internacional no projeto, que passou a ser denominado Estação Alpha.
Quando os russos passaram a ser os principais fornecedores de elementos para a estação, ela finalmente ficou conhecida como International Space Station, ou simplesmente ISS. De fato, a estação resultou do esforço conjunto de 15 nações: Estados Unidos (NASA), Rússia (RKA), Canadá (CSA), Japão (JAXA) e também, por meio da Agência Espacial Europeia (ESA), Bélgica, Dinamarca, França, Alemanha, Itália, Noruega, Espanha, Portugal, Suécia, Suíça e Reino Unido.
Os Estados Unidos são responsáveis pelo desenvolvimento de vários sistemas de bordo, como o suporte à vida, o controle térmico, a navegabilidade e os sistemas de comunicação e dados, além de três módulos de conexão.
Os russos também contribuem com dois módulos de pesquisa e um módulo habitacional com todo equipamento necessário ao suporte à vida, além de plataformas para instalação de painéis solares e os fundamentais veículos de transporte, como a nave Soyuz, que serve ao transporte das tripulações.
O Canadá forneceu um braço remoto de 47 metros de comprimento, semelhante ao atualmente em uso pelos ônibus espaciais, e os europeus também forneceram laboratórios pressurizados, entre outros equipamentos.
A fracassada participação brasileira
Em dezembro de 1996, a agência espacial americana convidou o Brasil para participar da construção da ISS. Em setembro do ano seguinte, após várias visitas de missões da NASA ao Brasil e da Agência Espacial Brasileira (AEB) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) aos Estados Unidos, o Conselho Superior da AEB aprovou o programa de cooperação.
O Brasil deveria fornecer equipamentos e serviços em troca dos direitos de utilização da estação durante toda sua vida útil. Segundo o acordo firmado, o Brasil deveria cooperar com serviços de logística, manutenção e reparos.
Se bem aproveitado, teria sido uma oportunidade única para elevar o patamar técnico, tanto dos profissionais do INPE/AEB, quanto das universidades e centros de pesquisa envolvidos. As indústrias engajadas no programa seriam igualmente qualificadas, devido às exigências impostas aos fornecedores de equipamentos para missões espaciais tripuladas.
No entanto, desde 2007 o país ficou definitivamente fora do projeto de construção da Estação Espacial Internacional. O não cumprimento do acordo afastou vergonhosamente o país dessa oportunidade ímpar.
Após quase dez anos sem nunca ter contribuído com um único parafuso para a ISS, o Brasil perdeu definitivamente a chance de assinar seu nome na lista de fabricantes dessa incrível estação orbital – além de inúmeras outras vantagens para um país que anseia tanto por desenvolvimento real.
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