Os alinhamentos planetários não produzem terremotos, maremotos ou mudanças climáticas na Terra. Isso não aconteceria nem mesmo se todos os planetas ficassem em fila. O que não quer dizer que não sejam eventos de grande interesse, não só pela facilidade que proporcionam para observar os planetas, mas para visitá-los de verdade.
Foi assim no final dos anos 70 e 80, quando um raro alinhamento planetário (que acontece a cada 175 anos) permitiu uma viagem a quatro planetas de uma só vez, utilizando uma quantidade de combustível muito pequena e num espaço de tempo relativamente bem curto.
Viajante
Os planetas eram os gigantes Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. As naves espaciais eram as Voyager (Viajante) 1 e 2, que partiram entre agosto e setembro de 1977. Elas usaram uma técnica fabulosa chamada “assistência gravitacional”.
Ao sobrevoar o primeiro planeta, a nave tinha sua trajetória modificada de tal forma a adquirir o impulso necessário para levá-la ao seu próximo destino, e assim por diante. Não fosse isso e uma viagem para Netuno teria levado 30 anos, em vez dos 12 da missão Voyager, gastando muito mais recursos.
Lançada após a Voyager 2, a Voyager 1 seguiu uma rota mais curta e ultrapassou sua irmã.
Pioneiro
Antes, entre março de 1972 e abril de 1973, outras duas sondas, denominadas Pioneer (Pioneiro) 10 e 11, já haviam partido para estudar o meio interplanetário.
Porém, sem contar com a assistência gravitacional de um alinhamento planetário como o que foi utilizado com as Voyagers, as Pioneers fizeram somente um sobrevoo em Júpiter.
Mesmo assim, a Pioneer 10 tornou-se o primeiro engenho construído pelo homem a cruzar o Cinturão de Asteroides (entre as órbitas de Marte e Júpiter) e também a primeira nave espacial a deixar o Sistema Solar para sempre.
É que não era prático, nem mesmo necessário, trazê-las de volta. Toda a pesquisa foi feita remotamente. Dados e imagens foram transformados em bits e bytes e transmitidos para gigantescas antenas na Terra. Depois, elas simplesmente continuariam seu rumo, ao sabor da Primeira Lei de Newton.
As Pioneers exploraram o meio interplanetário depois de Marte.
Novos Horizontes
Mais recentemente, em janeiro de 2006, a agência espacial americana lançou a sonda New Horizons (Novos Horizontes) para estudar o planeta anão Plutão e seus 5 satélites. Ela vai caracterizar especialmente a geologia e morfologia de Plutão e sua maior lua, Caronte, e em seguida explorar o Cinturão de Kuiper.
Em fevereiro de 2007 a New Horizons executou uma assistência gravitacional com Júpiter a fim de adquirir a velocidade necessária para sua passagem por Plutão, cuja máxima aproximação deu-se em 14 de julho de 2015.
Para percorrer os quase 5 bilhões de quilômetros que separam a Terra de Plutão, a sonda se tornou o veículo humano mais rápido de todos os tempos. Assim como as Pioneers e as Voyagers, a New Horizons jamais retornará para casa.
A New Horizons esteve mais perto de Júpiter que a nave Cassini e já passou de Plutão.
A missão planetária das naves Voyager 1 e 2 e das Pioneer 10 e 11 já foi concluída, enquanto a da New Horizons está só começando. Mas onde elas estão agora? A que distância de nós? Em que direção e com que velocidade se movem? As respostas estão no quadro abaixo (clique no botão).
Cartões postais da Terra
As Voyager 1 e 2 continuam sendo monitoradas e agora integram a “Missão Voyager Interestelar”. Seus sinais devem continuar chegando a Terra por mais uns 20 anos, ao contrário da Pioneer 11, que esgotou seu gerador de energia e sua última comunicação foi recebida em novembro de 1995. A Pioneer 10 também não se comunica mais com a Terra.
New Horizons é a mais rápida, e graças à técnica da assistência gravitacional, as Voyager 1 e 2 são as que estão mais longe, atualmente nos limites do Sistema Solar, já perto de começa a influência de outros sóis.
Um dia elas deixarão o Sistema Solar definitivamente e penetrarão no reino das outras estrelas da galáxia.
Mas quando isso acontecer, provavelmente serão objetos inertes, meras lembranças da nossa civilização. Serão como cartões postais da Terra ou mensagens numa garrafa lançada ao mar.
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