Durante uma viagem à Lua, no início da década de 1970, foram levadas algumas centenas de sementes para um passeio espacial. Ao retornar ao reino da gravidade terrestre, muitas germinaram – e foram plantadas por vários países mundo afora, incluindo o Brasil. Elas ficaram conhecidas como as “árvores da Lua”.
As sementes estavam a bordo da Apollo 14, que partiu em 31 de janeiro de 1971. Elas ficaram num container no módulo que permaneceu em órbita da Lua, pilotado pelo astronauta Stuart Roosa (autor da ideia e ex-guarda do serviço florestal americano), enquanto os astronautas Alan Shepard e Edgar Mitchell caminhavam na Lua.
Árvores da Lua
As sementes foram escolhidas a partir de cinco espécies diferentes, todas de clima temperado ou subtropical. Elas foram classificadas e um grupo de sementes de controle ficou na Terra, para comparação posterior.
Muitas germinaram sem problemas após a inusitada viagem. As mudas então foram plantadas em vários lugares dos Estados Unidos (como no jardim da Casa Branca, em Washington) e enviadas para o imperador do Japão, para a Suíça e também para o Brasil. Tem uma “Sequoia lunar”, por exemplo, crescendo lentamente em Santa Rosa, interior do Rio Grande do Sul.
A Sequoia é uma árvore gigantesca, nativa da América do Norte, e que pode viver por milênios atingindo mais de 100 metros de altura. Ao lado da árvore da Lua de Santa Rosa há uma placa que indica a data do seu plantio (agosto de 1981, mas de 10 anos depois da viagem da Apollo 14), além de algumas frases retóricas e uma afirmação equivocada: que ela teria germinado em solo lunar.
Na verdade, nenhuma das sementes levadas a Lua sequer saiu do seu container. Tampouco desceu a superfície lunar, ficando a bordo do módulo de comando que permaneceu em órbita do satélite. Mas foi, sim, uma viagem e tanto.
Criaturas aladas
Nenhuma semente da Terra foi mais longe até hoje – por isso o título “árvore da Lua” é bastante apropriado. Nem todas continuam vivas, o que torna as restantes ainda mais valiosas. Assim mesmo já existe uma segunda geração, as descendentes diretas de alguns desses vegetais ilustres.
Entre 1969 e 1972 foram feitas 8 viagens para a Lua (da Apollo 10 a Apollo 17), com seis pousos bem sucedidos (a Apollo 10 não foi destinada ao pouso e a Apollo 13 teve de voltar antes, por causa de um problema técnico).
Em cada alunissagem (como é chamada a descida na Lua) um roteiro se repetia: dos três astronautas, um ficava em órbita lunar enquanto os outros dois pousavam na Lua, caminhando e fazendo experimentos por algumas horas, até se reunir novamente com o colega em órbita para iniciar a viagem de volta.
O feito desses astronautas representa o sonho de gerações passadas, presentes e futuras. É bom saber que eles não foram os únicos que participaram dessa jornada. Vários outros seres vivos, hoje espalhados em diversos cantos do planeta, também tiveram o privilégio de ir a Lua e voltar. São as “árvores da Lua” – verdadeiras criaturas aladas.
ATUALIZAÇÃO: Após esse artigo ter sido publicado veio a nosso conhecimento a existência de mais duas “árvores da Lua” no Brasil. Uma delas está na praça central do município de Cambará do Sul, também no Rio Grande do Sul (foto), e a terceira está na sede do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis, Ibama, em Brasília (foto).
+ The “Moon Trees”
+ Magnífica Lua