Depois que um canal por assinatura exibiu um programa nos Estados Unidos com “provas” de que o ser humano nunca havia estado na Lua, o mito de que tudo não passou de uma farsa ressurgiu com alguma força.
Contudo, quase imediatamente surgiram respostas de todas as partes do país, derrubando cada um dos supostos argumentos favoráveis a esta que é uma das mais famosas “teorias da conspiração”.
É verdade que a última viagem tripulada para a Lua foi há mais de 40 anos, e há um contexto histórico que ainda foge ao entendimento de boa parte da população.
Há os que não se limitam a desacreditar este que foi um dos maiores feitos da humanidade, mas também questionam a existência de bombas nucleares ou defendem que a Terra é oca, entre outras bobagens.
O fato é que a grande maioria dessas dúvidas esconde somente lacunas no aprendizado de ciência básica – ou pura falta de bom senso.
Esta série especial analisa cada um dos supostos “argumentos” dos que ainda duvidam que fomos mesmo à Lua.
Fato
Nota-se que as fotos e vídeos produzidos no primeiro pouso na Lua, em 20 de julho de 1969, têm qualidade muito ruim.
Aldrin, o segundo homem na Lua.
Fonte: Wikimedia Commons.
James Benson Irwin nasceu em Pittsburgh, Pensilvânia, em 17 de março de 1930. Ele foi o oitavo homem a pisar na Lua, durante a missão Apollo 15, e a primeira pessoa a dirigir um carro em outro mundo: o jipe lunar.
Bacharel em Ciências pela Academia Naval dos Estados Unidos, em 1951, tornou-se também Mestre em Ciências, Engenharia Aeronáutica e Instrumentação pela Universidade de Michigan em 1957.
Irwin entrou para a Força Aérea e acabou sendo um dos 19 astronautas selecionados pela NASA em 1966. Ele foi da tripulação de apoio da Apollo 10 e piloto suplente na Apollo 12, antes de voar como piloto do módulo lunar na Apollo 15 – seu único pouso na Lua.
Irwin se aposentou como coronel em 1972 e fundou a “High Flight”, um ministério Cristão. Comentava freqüentemente que suas experiências no espaço tinham fortalecido sua fé em Deus e chegou a financiar várias expedições ao Monte Arat, na Turquia, em busca de vestígios da Arca de Noé, nunca encontrados.
James Irwin faleceu de ataque cardíaco no dia 8 de agosto de 1991, no Estado do Colorado. Era casado e tinha cinco filhos.
Dúvida
Elas não deveriam ser melhores? Afinal as primeiras imagens são as mais importantes do ponto de vista histórico e não deveriam ser tão ruins.
Conspiração
Mais uma evidência de que tudo foi forjado. Sem falar que recentemente a NASA comunicou que os originais dessas fitas foram perdidos. Pura desculpa. Melhor alegar que tudo se perdeu antes que alguém veja as fitas com cuidado, descobrindo que a baixa qualidade esconde uma grande fraude.
Realidade
As imagens originais da missão Apollo 11 foram gravadas em três estações terrestres: Goldstone (Califórnia), Honeysuckle Creek e o Observatório Parkes (Austrália). Ainda em 1969 elas foram remetidas ao centro espacial Goddard de onde seguiram para o Arquivo Nacional dos Estados Unidos. Bem mais tarde, quando a NASA pediu para recuperar essas fitas, se deu conta de que não sabia seu paradeiro exato.
A despeito da tremenda falta de cuidado com um material de tal importância (descuidos com o patrimônio histórico não acontecem somente no Brasil) chega a ser hilário que se questione a qualidade dos primeiros vídeos, de qualidade bem inferior aos obtidos nas missões lunares tripuladas que sucederam a Apollo 11.
As imagens de Saturno, obtidas pelas sondas Voyager 1 e 2 (da década de 70) não são tão boas quanto as que a nave Cassini enviou décadas depois para a Terra.
E o que dizer de Marte? Quando o Planeta Vermelho foi visitado pela nave Viking, em 1976, foram tiradas inúmeras fotos – inclusive uma em órbita, sobre tempo ruim e em baixa resolução, mostrando uma montanha tentadoramente parecida com um rosto humano.
Hoje, uma frota de satélites artificiais e rovers na superfície exploram continuamente a superfície de Marte, enviando imagens de qualidade sem precedentes. Naturalmente, com o tempo, melhora-se a tecnologia de aquisição e gravação de imagens.
Fato
Sabe-se que a Apollo 15 foi a primeira missão que utilizou um veículo – o jipe lunar, para que os astronautas tivessem mais mobilidade de exploração.
Dúvida
Como um jipe poderia caber no módulo de pouso, cujo desenho permaneceu o mesmo e era nitidamente pequeno demais para caber um carro? Além disso, como eles inflaram os pneus do jipe? Se partissem inflados da Terra ocupariam ainda mais espaço. E uma vez inflados, teriam estourado na Lua.
AUTOMÓVEL LUNAR O Lunar Rover era um carro elétrico para até dois astronautas e que foi usado nas missões Apollo 15, 16 e 17. Crédito: NASA.
Conspiração
Uma evidência contundente da fraude. As imagens do jipe caminhando na Lua mostram claramente que tal veículo não poderia ter sido transportado no espaço disponível no módulo de pouso. E qualquer um sabe do risco de explosão de um pneu quando a pressão externa é muito baixa – como é o caso da Lua.
Realidade
Obviamente o carro lunar não poderia ser um jipe comum. Entre suas peculiaridades, estava o fato de ser facilmente montado em poucos passos – e ocupar o mínimo de espaço quando desmontado.
O chassi era articulado em três lugares e as rodas dobravam-se contra ele. Tudo ocupava menos de 10m³. E tudo o que os astronautas tinham a fazer para retirá-lo do Modulo Lunar era puxar dois cabos. Assim, o jipe saia de seu ancoradouro e à medida que isso acontecia as rodas pulavam para fora, sendo travadas na posição correta.
A seguir uma animação que mostra como o jipe lunar era descompactado ao chegar à Lua. A cena real pode ser vista neste vídeo
UNPACK & GO As fotos mostram a preparação antes do embarque. Os veículos foram deixados na Lua após o uso. Créditos: NASA.
Roda do jipe lunar.
A NASA também sabia dos riscos de se inflar um objeto no vácuo. Por isso, o jipe não tinha nem um pneu sequer.
As rodas foram feitas com uma malha de arame apoiada em raios que também atuavam como amortecedores.
Isso pode ser visto claramente nas fotos disponíveis das missões Apollo 15 e 16 (a também na gravura ao lado). Mas o pior cego é aquele que não quer ver, não é mesmo?
+ Doze homens e uma conspiração
+ Onde estão elas? (localização da Voyager e outras sondas interplanetárias)