Uma das músicas “mais imortais de todos os tempos” chama-se Total Eclipse of the Heart, lançada em 1983 pela cantora galesa Bonnie Tyler. Sua melodia e letra permanece bela e envolvente, não importa quantas novas gerações apareçam.
A voz de Tyler deu vida à canção e fez com que ela conquistasse o mundo inteiro, mas seu autor foi o americano Jim Steinman, que a escreveu como uma love song entre vampiros, como ele próprio contou.
A letra mostra um lado do amor que muitas pessoas evitam falar. Sentimentos negativos que também existem nos relacionamentos, numa analogia entre o amor e um eclipse, quando, em ambos os casos, não há luz.
Eclipse x ocultação
Eclipse, é claro, é um termo astronômico. Refere-se a situação em que um corpo celeste, ao transitar à frente de outro, o esconde do observador. O astro que foi eclipsado “fica para trás”, exatamente o que a palavra quer dizer, oriunda do grego antigo ekleipsis “eu abandono” ou “eu deixo atrás”.
É mais comum falarmos em eclipses do Sol e da Lua, mas esse fenômeno também pode envolver outros astros, como as luas de Júpiter – ou a própria Terra.
Para um dado observador, um “eclipse da Terra” pode ocorrer sem nem mesmo notarmos por aqui, ou seja, sem escurecer nada, já que para perceber o eclipse basta a posição certa dos astros envolvidos em relação a esse observador.
Foi precisamente o que aconteceu no 13º dia da missão Artemis I, que marca o primeiro passo do retorno de seres humanos à Lua. A cápsula Orion (não tripulada) estabeleceu um recorde de distância para um veículo espacial projetado para levar pessoas, quando se afastou mais de 430 mil km da Terra.
Durante toda sua jornada, a Orion registrou imagens incríveis através das câmeras a bordo, incluindo ver a Terra e a Lua num mesmo quadro, dois pequenos corpos celestes na escuridão do espaço – e um inédito “eclipse da Terra”.
Foi quando o alinhamento orbital da cápsula estava perfeito para capturar a Lua passando na frente da distante Terra, que do seu ponto de vista parecia menor (e isso também significou que os links de comunicação da cápsula com o nosso planeta foram temporariamente interrompidos).
O feito teve seu ineditismo pela sequencia de imagens (veja na galeria no final da página) que resultou num eclipse (um desparecimento) praticamente total do planeta Terra. Mas talvez devéssemos colocar a palavra “eclipse” assim, entre aspas, porque o nosso planeta, interceptado pela Lua da posição em que a Orion estava, não sofreu nenhum escurecimento, nem mesmo parcial. Ou seja, rigorosamente falando, o que a Orion viu foi uma ocultação da Terra pela Lua.
Perceba a sutil diferença. Um eclipse é uma ocultação. Porém, nem toda ocultação resulta no escurecimento do astro interceptado, o que caracteriza um eclipse como geralmente o percebemos.
Tipo especial
Também existe um “tipo especial de eclipse” (mas esse não é uma ocultação) chamado trânsito. É quanto um corpo celeste é observado passando na frente do Sol (ou de outra estrela). Durante um trânsito solar, vemos “um pontinho escuro” (o planeta) deslizando vagarosamente sobre o disco brilhante do Sol.
Um dia, quando estivermos com bases permanentes na superfície de Marte, humanos poderão observar trânsitos de Mercúrio, Vênus e da própria Terra lá do Planeta Vermelho.
Apenas em Mercúrio, pobrezinho, não se pode observar eclipses (pois ele não tem uma lua) nem trânsitos (pois não há outro planeta entre ele e o Sol). Ocultações, no entanto, são sempre uma possibilidade. E uma ocultação da Terra por Vênus seria, na prática, como um eclipse total da Terra para um dedicado astrônomo de Mercúrio!
Rotas espaciais
Ocultação, oposição, conjunção… Quem gosta de Astronomia vive topando com termos como estes. Decifre, você também, os códigos celestes.
Galeria de fotos da Orion
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