As cápsulas Soyuz (União, em russo) foram desenvolvidas para transportar cosmonautas para a Lua. De desenho versátil e fruto do engenho de um dos maiores nomes no desenvolvimento de veículos espaciais em todos os tempos, Sergei Korolev, ainda são utilizadas em sua versão mais moderna, a Soyuz TM, no transporte de pessoal para a Estação Espacial Internacional (ISS).
Esta é a trágica história da primeira delas, a Soyuz 1, lançada em 1967.
Os problemas começaram ainda no primeiro voo de testes não tripulado, em 1966. Após a separação da cápsula de seu foguete lançador, verificou-se uma repentina queda de pressão nos tanques de combustível do sistema de orientação.
A Soyuz entrara numa rotação interminável sobre o seu próprio eixo e quando finalmente iniciou sua reentrada na atmosfera, desapareceu das telas de radar. Ela se dirigia ao território chinês e os soviéticos ordenaram sua autodestruição imediata.
Em 14 de dezembro daquele ano, um segundo veículo de testes Soyuz já estava pronto em Baikonur. Mas logo após a ignição notou-se que as chamas que surgiram da base do lançador não tinham a intensidade prevista. O foguete não se elevou da plataforma, permanecendo aparentemente imóvel, enquanto toneladas de água eram despejadas sobre o complexo para tentar evitar o pior.
As estruturas da torre de serviço foram colocadas automaticamente em torno do lançador para evitar que este balançasse devido aos ventos fortes em Baikonur. Nesta altura o pessoal de serviço já tinha chegado à plataforma para iniciar uma inspeção.
Explosão de problemas
Foi então que uma das estruturas de apoio tocou no veículo, fazendo-o balançar. As chamas que saiam dos motores de combustível sólido penetraram na fuselagem do terceiro estágio, envolvendo por completo o foguete. Uma violenta explosão destruiu todo o complexo. Milagrosamente houve somente uma morte, entre dezenas de feridos.
Foi o suficiente para atrasar os planos de um voo tripulado, e ficou decidido que deveria haver mais um voo de teste no início de 1967. O novo lançamento foi no dia 7 de fevereiro.
Desta vez os primeiros problemas com a cápsula surgiram durante a quarta revolução em torno da Terra. Era impossível orientar a Soyuz de modo que os painéis solares apontassem na direção do Sol e recarregassem as baterias de bordo.
Houve falha no sistema de orientação e o centro de controle decidiu abortar o voo. A cápsula regressou numa trajetória balística e pousou num bloco de gelo no Mar de Aral.
Ela acabaria afundando, embora devesse flutuar. Sua recuperação foi extremamente difícil. Devido ao seu peso com a água, o helicóptero de resgate teve que arrasta-la até à margem, três quilômetros adiante.
Vladimir Komarov (sentado) e Yuri Gagárin durante os preparativos para a missão Soyuz 1.
+ Os pioneiros
+ Soyuz 1 em Encyclopedia Astronautica