Galileu nasceu em 15 de fevereiro do ano de 1564 na cidade de Pisa, Itália, no mesmo século em que morreu o monge polonês Copérnico (1473-1543) e nasceu o excêntrico dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) e o alemão Johannes Kepler (1571-1628), que por ter arquitetado as três leis mais importantes do movimento planetário ficou conhecido como o “legislador dos céus”.
Porém, diferentemente destes, que sempre mantiveram fortes laços com a mística da Idade Média, Galileu ousou romper com a filosofia do grego Aristóteles (384-322 AEC), tão em voga entre os intelectuais da Europa de 400 anos atrás, quando a maioria das pessoas trabalhava na agricultura ou eram artesãos, e pouquíssimas crianças iam à escola.
Contrariando a vontade de seu pai, Galileu não se tornou comerciante nem muito menos religioso. Matriculou-se aos 17 anos da Universidade de Pisa, onde se revelou um brilhante aluno de medicina. Esse interesse, no entanto, sucumbiria quando Galileu descobriu o grande candelabro dependurado no teto da catedral de Pisa. Usando as batidas de seu próprio coração para medir o tempo, ele observou que o movimento do candelabro se completava sempre no mesmo período, não importando a amplitude da oscilação.
A tradição aristotélica
Naquela mesma época, uma aula de geometria na universidade fez com que seu interesse migrasse para a Física. Galileu abandona a universidade em 1585 sem se tornar médico e começa a estudar matemática. De suas meditações sobre lâmpadas suspensas e oscilantes surgiram as leis do pêndulo – e destas, mais tarde, a invenção do relógio de pêndulo, pelo holandês Christiaan Huygens (1629-1695).
Ocupando a cátedra de matemática no “Studio de Pádua”, Galileu realizou várias experiências sobre o problema de queda dos corpos. Para demonstrar que Aristóteles estava errado quando afirmou que “a velocidade de um corpo em queda é razão direta de seu peso”, realizou experiências com bolas de ferro rolando sobre um plano inclinado.
Galileu aperfeiçoou a luneta, inventada pelo holandês Hans Lippershey (1570-1619) e em 1610 observou montanhas e crateras na Lua, manchas no Sol e quatro satélites em volta de Júpiter. Suas descobertas tiraram a importância do Homem como centro do Universo, maculando a perfeição dos céus.
Ao criticar abertamente a física aristotélica e o sistema geocêntrico de Ptolomeu (127-145 EC), o sábio italiano acabou recebendo sua primeira advertência formal da Inquisição, que condenava as teorias sobre o movimento da Terra e proibia o ensino do sistema heliocêntrico de Copérnico. Quando em 1632 Galileu publicou seu polêmico “Diálogo sobre os dois maiores sistemas do mundo”, logo recebeu uma ordem para se apresentar em Roma.
A condenação
Após três meses de exaustivas sessões de interrogatório, Galileu foi acusado pelo Tribunal do Santo Ofício e, em 22 de junho de 1633, obrigado a renegar sua certeza de que a Terra não estava imóvel no espaço, utilizando a frase “abjuro, maldigo e detesto os citados erros e heresias”. Galileu teve sua obra proibida e foi condenado à prisão domiciliar perpétua.
Assim mesmo considera-se que o tratamento dispensado a Galileu foi notadamente brando considerando os padrões da Inquisição. Galileu já estava velho e não foi encarcerado um único dia, nem foi torturado. Seu processo não se compara ao de outro italiano, o jovem Giordano Bruno (1548-1600), primeiro filósofo a afirmar que deveria haver vida em outros lugares do Universo – brutalmente torturado e queimado vivo em praça pública.
A condenação de Galileu foi uma tentativa de salvar o geocentrismo, chave da escolástica, a grande síntese entre a filosofia de Aristóteles (século IV AEC) e a doutrina cristã que dominou o pensamento europeu durante a Baixa Idade Média (séculos XI a XIV). Seu processo permaneceu arquivado por longos 350 anos. Somente em 1983 o papa João Paulo II admitiu os erros da Igreja e o absolveu.
O homem e o mito
Galileu faleceu com quase 78 ANOS, em 6 de janeiro de 1642. Sua importância vai muito além do histórico confronto com a Inquisição. Em torno dele criaram-se muitas lendas e equívocos.
Amigo pessoal do Papa que o condenou, seu pior inimigo, na verdade, foi seu próprio temperamento. Galileu muitas vezes se mostrava alegre e comunicativo.
Nunca se casou, mas teve quatro filhos. Porém, quando discutia suas ideias era sarcástico, cínico e orgulhoso. Desgastou-se em demasia apenas atacando supostos rivais.
Hoje, muitos o admiram por coisas que jamais fez, como inventar o telescópio, o termômetro ou o relógio de pêndulo. Também nunca atirou pesos do alto da torre de Pisa para demonstrar que corpos de massas diferentes caem com a mesma velocidade.
Sua maior contribuição à ciência está no estabelecimento das bases do pensamento científico moderno, o método experimental, ressuscitado dos tempos do velho Arquimedes. É por isso que Galileu Galilei ainda é considerado por muitos como o “pai” da Física Moderna.
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