Noites e noites em claro, passadas na companhia de poderosos telescópios que apontam a imensidão do céu, num silêncio apenas quebrado pelo barulho do vento e o tritilar dos grilos…
Essa é a visão mais tradicional do astrônomo, esse profissional da ciência tantas vezes confundido com adivinhos. Mas, por incrível que pareça, é uma visão bem distante do cotidiano desta profissão.
A Astronomia é diferente da maioria das outras ciências em que podemos interagir diretamente com o objeto de estudo. Afinal, não é possível dissecar, pesar, tocar ou realizar outros experimentos similares com uma estrela!
Por outro lado, a luz que os corpos celestes emitem carregam informações que podem ser compreendidas pelo astrônomo. Seu trabalho consiste, resumidamente, de uma sistemática em que é preciso saber formular questões, pesquisar e obter dados relevantes, levantar hipóteses e então testá-las.
Trabalho e remuneração
Astronomia é Física Aplicada. Desse modo, a formação desse profissional pode começar com um bom bacharelado em Física. Uma formação específica vem mais tarde, com a pós-graduação.
No Brasil existem apenas dois cursos de graduação em Astronomia, no Rio de Janeiro e em São Paulo – onde se concentram a maior parte dos pesquisadores que atuam nessa área.
A carreira acadêmica em Astronomia sempre conduz à pesquisa, em campos como Ciência planetária, Astronomia solar, Origem e evolução das estrelas, Formação de galáxias ou Astronomia teórica.
No entanto, já há algum tempo o campo de trabalho da Astronomia vai além da pesquisa. Um astrônomo profissional pode atuar em locais variados, como empresas de telecomunicações, planetários ou museus de ciência.
Seus rendimentos normalmente serão compatíveis com a titulação que possuírem (graduação, especialização, mestrado ou doutorado) e função (Professor Adjunto, Substituto, Titular, Diretor de Planetário etc.).
OBSERVATÓRIOS no alto de montanhas, como este, no Chile, são apenas alguns dos muitos aparelhos utilizados pelos astrônomos.
Astronomia no Brasil
O ensino da Astronomia no Brasil começou com a Carta de Lei de 4 de dezembro de 1810 que criou a “Academia Real Militar”, responsável pelo ensino de Matemáticas e Ciências.
Foi no Rio de Janeiro de 1958 que dois astrônomos do Observatório Nacional (ON) fundaram o primeiro Curso de Graduação em Astronomia do país, na antiga Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O ON é uma das mais importantes instituições astronômicas do nosso país. Fundado em 1829, ele conta com dezenas de pesquisadores contratados e suas áreas de interesse incluem Astronomia e Astrofísica Planetárias, Estelares e Extragalácticas.
Hoje em dia, engenheiros, matemáticos, químicos, geógrafos e profissionais de computação (entre outros) também podem seguir essa carreira, atuando como astrônomos profissionais ao optar por cursos de especialização e pós-graduação, já disponíveis em boa parte das universidades brasileiras.
Amadores são bem-vindos
De todas as ciências, porém, a Astronomia apresenta muitos de seus principais objetos de estudo ao alcance do olhar de todos. Para descobrir um novo cometa, por exemplo, não é imperativo dispor de laboratórios sofisticados, nem de uma educação formal. A Astronomia é, talvez, a única profissão em que os amadores são bem-vindos. Muito bem-vindos.
São eles que passam a maior parte do ano esmiuçando o céu com seus modestos telescópios e difundem essa ciência com mais paixão. Não são profissionais. Fazem o que fazem por hobby, por amor. Mas acabam atuando lado a lado com os homens e mulheres da ciência, estimulando o pensamento crítico e atraindo a atenção de jovens talentosos para essa “misteriosa” profissão.
E, num certo sentido, todos os astrônomos de verdade são amadores.
+ Observatório Nacional
+ Carreira de astrônomo