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Astronomia no Zênite
História - Astronomia do erro

A caixa preta da natureza

Imagine uma caixa preta, lacrada e inviolável, mas que definitivamente não está vazia. Imagine que ela seja entregue a alguém, a quem é pedido revelar seu conteúdo. Um meio de se fazer isso é manusear a caixa, de modo a sentir seu peso e reconhecer o barulho que os objetos fazem em seu interior quando a chacoalhamos.

Teríamos ao menos um palpite após comparar essas informações àquelas acumuladas em nossa memória (barulhos e pesos de objetos conhecidos). Ainda assim o verdadeiro conteúdo da caixa permaneceria desconhecido, uma vez que ela é inviolável.

Caixa preta
FAZER CIÊNCIA é elaborar modelos para inferir sobre o conteúdo da “caixa preta da natureza”.

Modelando o Universo

Cada fenômeno natural que tentamos compreender é como uma “caixa preta” a ser examinada. Quando, curiosos, nossos ancestrais observavam o Universo ao redor, criavam histórias para descrevê-lo. Mas usavam apenas seus sentidos para conhecer o novo.

Com o passar do tempo, desenvolvemos os mais diversos instrumentos para manusear e modificar o ambiente a nossa volta e criamos sofisticadas linguagens para contar novas histórias. A matemática é uma delas.

Para cada nova história, criamos um modelo do que se passa no interior da “caixa preta da natureza”. Pode ser uma maquete (se for possível fazer uma) ou um modelo matemático (a maioria dos cientistas trabalha com eles). Hoje vamos além dos nossos sentidos para investigar a natureza. Certamente nossos palpites estão melhorando.

Contudo, ainda nos sedimentamos em experiências passadas. Não poderia ser diferente. Cada cientista se apoia no que outros descobriram no passado, enquanto as conjecturas deles permanecem válidas. Mas isso ainda nos mantém impossibilitados de abrir a caixa, de enxergar seu verdadeiro conteúdo. Tudo se passa como se o Universo fosse o que compreendemos sê-lo.

PATRONO
Urania Planetario

Descobrindo a Ciência

Ciência é o conjunto das habilidades e conhecimentos adquiridos que nos permite investigar o Universo. Elaborar modelos é imaginar o que se passa na natureza.

O cientista usa a observação e o raciocínio, aliados às experiências adquiridas através de gerações, para tentar recriar o conteúdo dessa caixa preta que é a natureza.

Os modelos devem ser tais que a maioria de nós concorde com eles. Eles devem ser descritos numa linguagem compreensível por todos, testável. Até que alguém argumente de outra forma, imagine um modelo diferente (ou modifique modelos já existentes) e a discussão recomece.

Talvez os segredos mais íntimos dessa “caixa” permaneçam desconhecidos para sempre. Mas, no fundo, não tem muita importância, porque inferir sobre o conteúdo da maravilhosa “caixa preta da natureza” é o que alimenta o espírito humano.

Livro 'A Origem das espécies'
MODELOS E TEORIAS não são meros palpites ou especulações. São facetas do funcionamento da natureza baseadas em observação e experimentação e que sobrevivem à crítica dos cientistas com o tempo.

É o que nos lembra que pensar é o maior dom de nossas vidas. E enquanto existirmos haverá o fascínio pelo conhecimento. Artigo de Astronomia no Zênite

 

Falando de ciência
Divulgação científica

Créditos: Costa, J.R.V. A caixa preta da natureza. Astronomia no Zênite, abr. 2003. Disponível em: <https://zenite.nu/a-caixa-preta-da-natureza>. Acesso em: 10 out. 2024.
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