Enquanto investigava o planeta Urano, em 1841, John Couch Adams encontrou estranhos desvios em seu movimento orbital, comportamentos estranhos que só poderiam ser causados assumindo a existência de um planeta até então desconhecido, além de Urano.
Mas Adams era muito jovem e seu trabalho não foi considerado pelos pesquisadores do famoso Observatório de Greenwich, onde ele apresentou suas ideias.
Foi então que um outro astrônomo da época, o francês Urbain Le Verrier, também se interessou pelo problema. Ele não obteve respaldo do seu governo para iniciar suas observações.
Assim mesmo enviou os seus cálculos para o Observatório de Berlim, onde um novo planeta acabou sendo localizado em 23 de setembro de 1846. Era Netuno.
Hoje, Adams e Le Verrier dividem os créditos de terem previsto a existência de um planeta antes de sua observação. Le Verrier, porém, não ficou plenamente satisfeito com sua descoberta: ele acreditava haver mais um planeta além do recém-descoberto Netuno.
Memórias de um planeta
Vários astrônomos e matemáticos publicaram suas próprias ideias sobre onde encontrar e como seria a órbita de um planeta trans-netuniano (além de Netuno). Os dois trabalhos mais cuidadosos apareceram no início do século XX, em “A procura de um planeta além de Netuno”, Pickering, 1909, e “Memórias de um planeta trans-netuniano”, Percival Lowell, 1915.
Pickering chegou a propor sete planetas, denominados O, P, Q, R, S, T e U, com características físicas e orbitais diferentes entre si. Mais tarde, apenas P seria considerado. Mas Lowell chamou o hipotético astro de planeta X e foi assim que ficou conhecido do grande público.
A partir de 1909 Lowell empenhou-se numa jornada pessoal em busca desse astro e seu maior desapontamento foi ter falhado em encontrá-lo. Ironicamente, entre as quase mil fotos tiradas em seu observatório, lá estava Plutão, que não foi reconhecido até 1930, ano em que foi novamente observado – e oficialmente descoberto.
Um “novo” cinturão
As estimativas para o Planeta X apontavam para valores em torno de 50 vezes a massa terrestre (hoje, esses valores se situam entre 5 e 10 vezes). Com uma massa de apenas 1/455 vezes a da Terra, Plutão definitivamente não era o hipotético astro.
Buscas cada vez mais minuciosas se sucederam, até que se acreditou que não haveria astro algum com massa e brilho semelhantes ao do planeta Netuno, exceto se numa órbita polar e situado próximo ao polo celeste sul, onde poderia ter escapado da detecção.
No Observatório de Hale, em outubro de 1977, foi descoberto o asteroide Chiron, mais tarde identificado como um cometa.
O TELESCÓPIO de Hale (Monte Palomar, Califórnia, EUA) já foi o maior do mundo. Clique para ampliar a foto.
Com um diâmetro de 50 km e movendo-se muito além do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter, Chiron chegou a ser anunciado como sendo um novo planeta, algo prontamente corrigido.
Em 1992 um asteroide ainda mais distante foi encontrado: Pholus. Logo, vários outros objetos situados além da órbita de Plutão foram sendo pouco a pouco descobertos, o que ajudou a confirmar o modelo do Cinturão de Kuiper.
Foi nessa misteriosa região que encontramos Éris. Descoberto em 2005, ele é 27% maior que Plutão e sua mera existência gerou a polêmica que levou a reclassificação de Plutão, então último planeta do Sistema Solar.
Fim das buscas?
Bem antes disso, em 1987, Daniel P. Whitmire e John J. Matese sugeriram a presença de um planeta 80 vezes mais distante do Sol que a Terra. Sua órbita estaria inclinada 45º sobre o plano da eclíptica, e seu período orbital chegaria aos 700 anos (Plutão leva 248 anos para completar uma volta em torno do Sol, Éris demora 557). A ideia acabou se revelando uma alternativa à hipótese Nêmesis, a estrela assassina.
Alguns pesquisadores continuaram acreditando na possibilidade da existência de um astro maior que Éris, talvez do tamanho de Mercúrio ou até mesmo de Marte. Modelos computacionais sugeriram que ele poderia explicar características incomuns do Cinturão de Kuiper.
Alguns pesquisadores ainda acreditam na existência de um astro maior que Éris, talvez do tamanho de Mercúrio ou até mesmo de Marte. Modelos computacionais sugerem que ele poderia explicar características incomuns do Cinturão de Kuiper. Mas há quem diga que a busca pelo planeta X já pode ter terminado.
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