É um fato importante e conhecido que as coisas nem sempre são o que parecem. Por exemplo, na Terra, o homem sempre se considerou a espécie mais inteligente a ocupar o planeta em vez de a terceira mais inteligente.
As segundas criaturas mais inteligentes eram, é claro, os golfinhos, que curiosamente sabiam há muito da destruição premente do planeta. Eles tentaram varias vezes avisar a humanidade sobre o perigo, porém seus alertas foram mal interpretados como tentativas de rebater bolas ou pedir comida. Até que eles, enfim, decidiram abandonar o planeta por seus próprios meios.
A derradeira mensagem foi entendida como uma tentativa sofisticada de dar uma cambalhota dupla para trás assobiando o hino nacional dos Estados Unidos. Mas, na verdade, a mensagem era essa:
Adeus. E obrigado por todos os peixes.
Podia ser você
Você acorda para mais um dia entediante de trabalho, quando é surpreendido por uma ordem da Prefeitura que quer derrubar a sua casa porque é preciso construir um desvio. E você deveria ter protestado antes, pois o projeto estava na Secretaria de Obras há um ano. Ainda que estivesse no porão…
Sua chance de sair dessa é absolutamente zero. E, por uma curiosa coincidência, absolutamente zero era o quanto você suspeitava que um de seus amigos mais íntimos era, na verdade, de um pequeno planeta perto de Betelgeuse.
Ele tem uma coisa muito importante para lhe contar. Naves da frota Vogon chegam em 20 minutos para demolir o planeta Terra inteiro. Sua casa não é mais um problema…
O anúncio da destruição é feito em alto e bom som para todos, em toda parte, ouvirem:
Povo da Terra, sua atenção, por favor. Aqui quem fala é Prostetnic Vogon Jeltz do Conselho de Planejamento do Hiperespaço Galáctico. Como sabem, o desenvolvimento das regiões periféricas da galáxia exige a construção de uma via expressa hiperespacial que passa pelo seu sistema estelar. E o planeta de vocês é um dos que terão de ser demolidos…
Surpreso? Entrar em pânico agora é injustificável. O plano de demolição foi exposto no departamento local, em Alfa Centauro, há 50 anos terrestres.
E não pense que algum (super?) herói virá nos salvar de última hora. Estamos mesmo ferrados.
Mas, afinal, você tem a chance de permanecer vivo justamente por causa daquele seu amigo extraterrestre, que lhe oferece uma carona espacial. Tudo vai correr bem, desde que você tenha sempre em mãos o Guia do Mochileiro das Galáxias – e uma toalha.
Faz sentido para você? Vamos tentar mais uma vez.
O livro
O Guia do Mochileiro das Galáxias é um livro realmente extraordinário. Na verdade, foi provavelmente o mais extraordinário dos livros publicados pelas grandes editoras de Ursa Menor. Mais popular que a “Enciclopédia Celestial do Lar“. Mais vendido que “Mais 53 coisas para se fazer em gravidade zero” e mais polêmico que a colossal trilogia de Oolon Colluphid, “Onde Deus errou”, “Mais alguns grandes erros de Deus” e “Quem é esse tal de Deus, afinal”.
Ele já substituiu a “Enciclopédia Galáctica” como repositório padrão de todo conhecimento e sabedoria por dois aspectos importantes. Em primeiro lugar, é ligeiramente mais barato. Em segundo lugar, traz impressa na capa em letras garrafais e amigáveis a frase:
Não entre em pânico.
Muito bem. Se as coisas ficaram mais claras é porque você sabe exatamente do que estamos falando. Caso contrário, sugerimos fortemente que procure conhecer a obra mais famosa de Douglas Noël Adams (1952-2001), o escritor e comediante britânico que também escreveu esquetes para a série de TV Monty Python’s Flying Circus, junto com os integrantes dessa admirável trupe de humor nonsense.
Toda esta seção do Zênite Fanzine (e até a página de Erro 404) em nosso site tem clara inspiração no “Guia do Mochileiro…” de Adams. E, afinal, temos certeza de que se você chegou até aqui é porque também procura pela resposta para a vida, o Universo e tudo mais.