Surfshark
Astronomia no Zênite
Estrelas e galáxias - Planetas extrasolares

Terra 2

Nossos problemas acabaram. Teremos, finalmente, a possibilidade de começar de novo. Haverá muito mais espaço para todos e recursos naturais abundantes e intocados em nosso novo lar. É nossa chance de provar que podemos construir um mundo melhor.

Quando partimos?

A descoberta

Foi com um pouco desse sentimento que algumas pessoas (as mais otimistas!) reagiram a descoberta do planeta mais parecido com a Terra já encontrado, pertencente a estrela anã vermelha Gliese 581, da constelação de Libra.

Esse mundo parece estar bem próximo da chamada “zona habitável”, a faixa de distâncias da estrela que permite a temperatura adequada para se ter água líquida na superfície.

A apenas 20,4 anos-luz do Sol – um passeio no quarteirão em termos astronômicos, parece uma das descobertas mais importantes da humanidade. O prenúncio de uma nova era. Em se tratando da busca por exoplanetas, isto é, aqueles em órbita de outros sóis, o achado é mesmo um marco.

Super Terra
SUPER TERRA  Gliese 581 c talvez seja o primeiro exoplaneta semelhante à Terra. Com certeza é um dos menores já descobertos. Imagem: concepção artística.

Mas não foi bem uma descoberta inesperada. A mesma equipe de astrônomos suíços, franceses e portugueses já havia anunciado a descoberta de outros dois planetas ao redor da mesma estrela. Um deles, denominado planeta b, lembra Netuno, por ser 16 vezes mais maciço que a Terra, só que muito quente. Outro, ainda muito maciço, foi chamado planeta d – mas ele é frio demais.

PATRONO
Urania Planetario

Vivendo noutro mundo

É para o planeta c, o único na zona habitável, que os cálculos preliminares indicam uma massa 50 a 60% maior que a terrestre – o que implica numa força de gravidade que não chegaria a ser dolorosa, exceto para as modelos, que pulariam dos habituais 48 para quase 80 kg – mesmo mantendo a dieta.

A estrela Gliese 581 tem apenas um terço da massa do Sol e brilha muito menos. O planeta c, nossa suposta Terra 2, está bem próximo dela. Seria mais ou menos como se morássemos em Mercúrio, só que com uma temperatura média entre zero e 40ºC.

Assim como a Terra, sua órbita é quase circular, mas ele se move tão rapidamente que um ano se vai em apenas 13 dias. Já imaginou sua idade por lá?

Por estar tão perto, a força de gravidade de Gliese “amarra” a rotação do planeta c, como a Terra faz com a Lua. Desse modo, ele mantém sempre uma face voltada para a estrela, enquanto no outro hemisfério é noite eterna. Em qual lado você escolheria morar?

Provavelmente a temperatura é mais equilibrada no terminador, a linha imaginária (nesse caso fixa) que separa o dia da noite. Mas havendo uma atmosfera (para respirar é bom que sim), os ventos nessa região devem ser rigorosos, pois é ali onde ocorre a troca de ar quente e frio entre dos dois lados do planeta.

POR QUE ÁGUA?

Pode até haver vida extraterrestre que evoluiu sem a presença da água, mas não há como negar que esta é uma das substâncias mais notáveis da natureza – e isso independe do fato dela ser indispensável para nós.

A capacidade calorífica da água faz com que absorva e armazene grandes quantidades de calor. A água dissolve mais substâncias que qualquer outro líquido e, ao contrário do que poderíamos pensar, sua existência no estado líquido é excepcional, já que a maior parte da matéria do Universo está na forma de gases e sólidos.

Você não pode reclamar da falta de opções. Pode escolher entre as temperaturas geladas do hemisfério escuro; o dia eterno e escaldante ou a região de penumbra, com violentas rajadas de vento.

Sem falar que a distância em anos-luz corresponde a 189 trilhões de quilômetros. Ainda que um astronauta pudesse pegar carona em nossa espaçonave mais rápida, a pequena sonda New Horizons, que ruma para Plutão a mais de 76 mil quilômetros por hora (e mesmo assim só vai chegar lá em 2015), a viagem demoraria quase 290 milênios. Sem chance.

Zona habitável
ALÉM DOS EXTREMOS  O conceito de zona habitável foi criado por S. S. Huang em 1958 e se refere a um espaço que envolve uma estrela e dentro do qual a superfície de um planeta similar a Terra possui temperaturas que permitam o desenvolvimento de vida “como nós a conhecemos”. A vida em nosso planeta necessita de água em estado líquido (ou seja, a temperatura média do planeta deve permanecer entre 0 e 100ºC).

Terra 1

Além disso, o lugar já pode ter dono(s). A estrela Gliese 581 é do tipo estável, como o Sol, fornecendo a mesma quantidade de energia por bilhões de anos. Isso também é fundamental para o desenvolvimento da vida. Um sol muito temperamental não permitira tal luxo.

A estrela Gliese 581 tem pelo menos três planetas ao seu redor, um verdadeiro sistema solar. Encontrar esses mundos foi possível graças a avanços tecnológicos extraordinários, também presentes em muitos outros “caçadores de exoplanetas”, como o satélite Corot.

Gliese 581
IMPRESSÕES DE GLIESE 581 C, o menor exoplaneta descoberto na vizinhança de uma zona habitável. À esquerda, um super Vênus, com densa atmosfera. No centro, um gigante de gelo. Em seguida, supercontinentes num mundo predominantemente desértico.

Novas descobertas – tão empolgantes quanto esta – podem ser mera questão de tempo. Porém, a mais fascinante de todas as notícias, sem dúvida, seria a confirmação de vida extraterrestre.

No futuro, podemos montar bases permanentes na Lua e em Marte e até planejar viagens ao encontro de planetas distantes e seus habitantes. Tudo isso faz parte da aventura humana. O fim dela será se descuidarmos da “Terra 1”. Artigo de Astronomia no Zênite

 

Planetas extrasolares
O novo Sistema Solar

Publicação em mídia impressa
Costa, J. R. V. Terra 2. Tribuna de Santos, Santos, 14 mai. 2007. Caderno de Ciência e Meio Ambiente, p. D-2.
Créditos: Costa, J.R.V. Terra 2. Astronomia no Zênite, abr. 2003. Disponível em: <https://zenite.nu/terra-2>. Acesso em: 9 out. 2024.
Como citar esta página como uma fonte da sua pesquisa

Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, a forma indicada para mostrar que você pesquisou o artigo contido nesta página é:

 

As referências bibliográficas são importantes não apenas para dar crédito aos autores de suas fontes, mas para mostrar a sua habilidade em reunir elementos que constroem uma boa pesquisa. Boas referências só valorizam o seu trabalho.