Ceiuci era uma índia virgem, mãe de Jurupari, índio mágico concebido pelo sumo do curara-do-mato que um dia escorreu pelo ventre da jovem. Jurupari fora incumbido por um agente do Sol para corrigir os males do mundo – em particular a dominação das índias sobre os índios.
Depois de acabar com a influência das mulheres índias, Jurupari estabeleceu uma série de rituais proibidos à participação de qualquer pessoa do sexo feminino, sob risco de morte.
Mesmo sabendo do perigo, Ceiuci desobedeceu ao filho e espreitou um desses cultos – pagando com a vida pela ousadia. Como não podia trazer a mãe de volta, Jurupari a levou para o céu, onde Ceiuci se transformou num conjunto de sete estrelas bem próximas entre si: o Setestrelo.
Asterismo famoso
As Plêiades ficam na constelação do Touro. Toda vez que destacamos um grupo de estrelas dentro de uma constelação, dizemos tratar-se de um asterismo. As Três Marias são um asterismo da constelação de Órion. O Setestrelo, que os gregos chamam de Plêiades, é um dos asterismos de mais fácil identificação do céu.
Para os índios brasileiros, seu aparecimento antes do nascer do Sol indicava que a primavera estava próxima. O Setestrelo, que muitos de nossos indígenas denominavam Ceiuci, é a principal evidência do conhecimento astronômico dos habitantes originais do Brasil.
A tribo Sioux, da América do Norte, também a associavam com a história de sete garotas índias que colhiam flores tranquilamente quando foram surpreendidas por um urso gigante. Elas rapidamente subiram um grande rochedo, mas o animal pôs-se a afiar suas garras na pedra, em sinal de ameaça.
Como não tinham saída, suplicaram ao Grande Espírito da floresta, que as transformou no asterismo. A montanha arranhada pelo urso é conhecida hoje como Torre do Diabo, famosa por causa das aparições constantes no filme “Contatos Imediatos do 3º Grau” (1977), de Steven Spielberg.
Pelo mundo afora não faltam lendas sobre as Plêiades, denominação aliás, que na mitologia grega é o mesmo que Atlântidas, as sete filhas do gigante Atlas e de Pleiône. São elas: Maia, Electra, Taíget, Estérope, Mérope, Alcione e Celeno. Nomes pelos quais essas estrelas são conhecidas oficialmente na Astronomia.
Joia celeste
As Plêiades foram imortalizadas no céu por Júpiter. O deus do Olimpo apiedou-se das súplicas das Sete Irmãs (nome popular no hemisfério Norte), que já não suportavam mais a perseguição implacável do caçador Órion.
Maia, Electra e Taíget foram amadas por Júpiter. Alcione e Celeno tiveram o amor de Netuno e Estérope de Marte. Apenas Mérope só teve o amor de um mortal e por isso brilha menos que as outras.
Apesar de sempre nos referirmos a sete estrelas, esse é apenas o número visível a olho nu. O aglomerado estelar da Plêiades é formado por milhares de estrelas nascidas nos últimos 100 milhões de anos. A maioria azuis, muito quentes, das quais se conhecem entre 250 e 500.
O aglomerado está em média a 440 anos-luz (um ano-luz vale cerca de 9½ trilhões de quilômetros) da Terra. Valor cuja determinação envolveu diferentes métodos, que são considerados passos importantes para a calibração das escalas de distância usadas pelos astrônomos para medir todo o Universo.
Subaru, no Japão; Makara, para os aborígines australianos; Kimah, na China; ou a representação da deusa Neith, para os egípcios, esse belo asterismo rodeado por intricados filamentos de luz azul é uma das muitas jóias celestes, num cantinho apertado de uma das 88 maravilhas do céu – as constelações.
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