UMA OPOSIÇÃO pode acontecer em diferentes pontos da órbita marciana. Nos melhores Marte pode ficar do tamanho de uma cratera lunar, mas nunca tão grande quanto a Lua.
A cada 26 meses a Terra passa entre Marte e o Sol. Os astrônomos chamam isso de “oposição” porque, visto da Terra, Marte surge no céu do lado oposto ao Sol. Porém, em virtude das órbitas dos planetas não serem circulares e sim elípticas, o tamanho aparente de Marte pode variar bastante de oposição para oposição.
As oposições mais favoráveis ocorrem quando Marte se encontra no periélio ou em suas vizinhanças. São as chamadas oposições periélicas.
Nessas ocasiões a distância Terra-Marte diminui para cerca de 56 milhões de quilômetros (a distância média é de quase 228 milhões de quilômetros). Com isso o diâmetro aparente do planeta atinge o valor máximo: cerca de 25 segundos de arco.
A Lua Cheia tem cerca de meio grau de diâmetro. Há 60 minutos de arco em um grau e 60 segundos de arco em um minuto, ou seja, a Lua Cheia tem cerca de 1800 segundos de arco. Uma boa oposição de Marte faz com que o diâmetro aparente deste planeta fique tão grande quanto o de uma cratera lunar, como a cratera Copérnico.
MARTE PODE SER VISTO A OLHO NU todos os anos, mas em 2003 ele esteve excepcionalmente mais brilhante. Foi sua maior aproximação em exatos 59.619 anos. Clique na imagem para ampliá-la.
As oposições periélicas acontecem geralmente nos meses de agosto ou setembro, época em que Marte se encontra próximo do seu periélio. Também existem oposições afélicas (o afélio é o oposto do periélio), quando a distância entre Marte e a Terra fica em torno de 96 milhões de quilômetros.
O afélio da Terra e de Marte não estão na mesma direção, mas pouco a pouco irão ficar mais próximos. O alinhamento completo, no entanto, levará muito tempo (milhares de anos). Atualmente a maior distância entre nós e o planeta vermelho atinge 399 milhões de quilômetros e, neste caso, seu diâmetro aparente se reduz para somente 3,6 segundos de arco.
Próxima oposição de Marte
Marte estará em oposição ao Sol na noite de 16 de janeiro de 2025. Nessa ocasião, Marte brilhará no alto do céu por volta da meia-noite, nascendo à Leste, logo após o pôr do Sol e seu diâmetro aparente será de 14,5 segundos de arco.
Mesmo a olho nu, é fácil perceber a luminosidade vermelho alaranjada de Marte. Porém, observações mais apuradas sempre vão exigir um lugar longe das luzes urbanas e o uso de um binóculo ou luneta com tripé, pelo menos.
Apenas os observadores que utilizarem instrumentos com pelo menos 15 cm de abertura (diâmetro da objetiva) estarão em condições de visualizar detalhes da superfície marciana, como as calotas polares ou as tempestades de areia.
Grandes aproximações
Em 27 de agosto de 2003 Marte e Terra estiveram mais próximos um do outro que em qualquer outra ocasião em quase 60 mil anos. Naquela ocasião a distância entre nosso mundo e o Planeta Vermelho foi de apenas 55.780.000 quilômetros. Exceto pela Lua, Marte foi o objeto mais brilhante de todo o céu noturno durante várias semanas.
A oposição anterior foi em 13 de junho de 2001, mas foi no dia 21 de junho quando a distância foi mínima: cerca de 68 milhões de quilômetros. Essa particularidade se deve à ligeira inclinação que existe entre as órbitas de Marte e da Terra – o que faz com que a distância mínima entre os dois planetas possa ocorrer dias antes (ou depois) da oposição.
Qual a chance de acontecer de novo?
Marte esteve muito próximo durante as oposições periélicas de setembro de 1956 (56,7 milhões de quilômetros), de agosto de 1971 (56,2 milhões de quilômetros) e de setembro de 1988 (59,2 milhões de quilômetros).
Até o distante ano 3000 vão acontecer 15 oposições periélicas. A melhor delas será em 2729, quando Marte ficará a 55.651.000 quilômetros da Terra (melhor que em 2003). A próxima oposição periélica acontece em julho de 2018.
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