O Sistema Solar existe. Isto é um fato. Por causa de sua existência, nada mais natural que nos perguntemos se há ou não outros planetas girando em torno de estrelas que não o Sol.
Estima-se que existam 50 bilhões de galáxias em todo o Universo. As galáxias são predominantemente agrupamentos de estrelas. As maiores contêm algumas centenas – ou até milhares – de bilhões delas (nossa galáxia, a Via Láctea, tem cerca de 100 a 150 bilhões de estrelas).
Baseado no tamanho do Universo e nas leis da Probabilidade, as chances de existirem outros sistemas planetários são excelentes.
A ideia de planetas em órbita de outras estrelas não é nova. Os gregos já haviam cogitado essa hipótese, mas somente a partir do final do século 20 pudemos averiguá-la com rigor.
Mas ainda faltavam observações diretas e “comprovadas” através de fotografias. Isso aconteceu em 2005 através do Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu Austral (European Southern Observatory, ESO) no Chile. O Telescópio Espacial Hubble e o japonês Subaru também contribuíram.
O planeta observado tem no máximo o dobro do tamanho de Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, e sua estrela-mãe, GQ Lupi, é uma anã-marrom.
Ele foi localizado bem longe de sua estrela, cerca de 100 vezes mais que a distância Terra-Sol (ou três vezes mais que Netuno), um fator que acabou ajudando a separar a luz dos dois objetos.
Se uma estrela tem apenas um único companheiro, ambos se movem numa órbita quase circular em torno do centro de massa do sistema. Ainda que um deles seja muito menor que o outro, as leis da Física garantem que ambos continuam se movendo em volta do centro de massa, embora este fique bem perto do corpo mais maciço.
Todos os planetas do Sistema Solar provocam um efeito similar no Sol, fazendo-o apresentar uma pequena oscilação que pode ser detectada por um observador fora do Sistema Solar, ainda que nenhum planeta reflita luz o bastante para ser visto diretamente.
É uma situação semelhante a de um atleta que dá voltas em torno de si mesmo antes de arremessar um peso. A pessoa oscila enquanto gira, devido ao peso do objeto. E se ao mesmo tempo ela se desloca de um ponto A para um ponto B, sua trajetória não será uma linha reta, sendo mais parecida com uma onda.
Métodos de detecção
Existem diversos métodos para descobrir planetas extrasolares (também chamados exoplanetas). Métodos diretos ou indiretos. De longe, a maioria dos planetas já descobertos são frutos das medidas de Velocidade Radial, que consiste em medir as sutis variações na posição de uma estrela enquanto sofre oscilações provocadas pelo puxão gravitacional de um ou mais planetas ao seu redor.
A detecção é realizada através do Efeito Doppler, uma mudança de frequência que ocorre quando uma fonte se afasta ou se aproxima do observador. Isso explica porque ouvimos um som mais agudo quando a sirene de um carro de bombeiros se aproxima e um som mais grave quando se afasta.
As ondas sonoras são comprimidas na direção do movimento e relaxadas na direção oposta. Esse efeito também ocorre com a luz, mesmo sendo esta uma radiação eletromagnética e não uma perturbação mecânica.
Admiráveis novos mundos
O primeiro planeta extrasolar foi encontrado em órbita de uma estrela da constelação de Pégasus, em 1995, através do método da Velocidade Radial.
Esse primeiro novo mundo está a 45 anos-luz da Terra e tem cerca da metade do tamanho de Júpiter. Mundos rochosos, como a Terra, também já foram descobertos.
O que está em órbita da estrela HD 149026 (veja quadro ao lado) é um pedaço de rocha colossal, com cerca de 65 a 70 vezes a massa da Terra e tão perto de sua estrela que leva menos que três dias para completar uma translação.
Outro mundo bizarro é o achado em volta da estrela anã-vermelha Gliese 876. Com sete vezes a massa terrestre, tudo indica que não possui atmosfera (ou ela é muito fina), como um Mercúrio gigante.
A maioria dos planetas extrasolares confirmados tem órbitas tão estranhas e são tão diferentes dos planetas do Sistema Solar que alguns pesquisadores acreditam que nosso sistema planetário é uma exceção a regra.
Ou não. E então será apenas questão de tempo – e aperfeiçoamento dos métodos de detecção – para que um mundo com características físicas e orbitais bem similares ao nosso seja encontrado. Haverá vida nele será a próxima pergunta que faremos.
+ Terra 2+ Exoplanet Travel Bureau
+ Planetary Habitability Laboratory