Não está prevista a adoção do horário de verão no Brasil este ano.
Em 2008 um decreto do Governo Federal estabeleceu datas fixas para o início e término do horário de verão brasileiro. A mudança acontecia entre o terceiro domingo de outubro e o terceiro domingo de fevereiro (e se este coincidisse com o domingo de Carnaval, o fim do horário de verão era transferido para a semana seguinte). Em 2019, um novo decreto extinguiu a adoção do horário de verão no Brasil.
Em Portugal o horário de verão acontece entre o último domingo de março e o último domingo de outubro, correspondendo ao Horário de Verão da Europa Ocidental.
As datas de início e término do horário de verão não são determinadas por critérios astronômicos.
A adoção do horário de verão no Brasil costumava levantar sempre as mesmas questões. A economia de energia realmente justificava os transtornos causados à população? Por que eram adotados? E quem foi o autor dessa ideia, afinal?
Histórico
Estabelecidos por decreto desde 1931 (pelo então presidente Getúlio Vargas), ainda que de forma descontínua, suas origens na verdade remontam à Inglaterra de 1907.
Foi lá que o construtor londrino e membro da Sociedade Astronômica Real, William Willett (1856-1915), deu início a uma campanha para diminuir o consumo de luz artificial ao mesmo tempo em que estimulava o lazer dos britânicos.
Num panfleto de 1907 intitulado “Waste of Daylight” (Desperdício de Luz Diurna) Willett propôs avançar os relógios em 20 minutos nos domingos do mês de abril e retardá-los a mesma quantidade nos domingos de setembro.
As polêmicas surgiram ali mesmo. Especialmente entre os fazendeiros, que têm que acordar com o Sol não importa que horas marquem os relógios. Willett não viveu o suficiente para ver sua ideia colocada em prática. O primeiro país a adotar o horário de verão acabou sendo a Alemanha, em 1916, seguido pela Inglaterra.
Era a Primeira Guerra Mundial. A economia de energia foi considerada um importante esforço de guerra, diminuindo o consumo de carvão, principal fonte de energia da época. A medida foi seguida por outros países europeus.
Os Estados Unidos o adotaram em 1918 junto com seu sistema de fusos horários. Foi difícil, mas os americanos acabaram se acostumando. Hoje eles sabem as datas de começo e término com anos de antecedência.
Como funciona
O princípio do horário de verão continua o mesmo: adaptar nossas atividades diárias à luz do Sol. Nos meses de verão o Sol nasce antes que boa parte da população tenha iniciado seu ciclo de trabalho. Assim, se os relógios forem adiantados durante esse período, a luz do dia será mais bem aproveitada e as pessoas passarão a consumir energia em melhor acordo com a luz solar.
Hoje, aproximadamente 30 países utilizam o horário de verão em pelo menos parte de seu território. E muito embora o nome faça referência a uma estação do ano, as datas de início e fim do horário de verão não são definidas por critérios astronômicos.
Boa parte das porções continentais do planeta está no hemisfério Norte. Ali o inverno costuma ser rigoroso e o Sol se põe bem cedo, levantando-se timidamente durante o dia. No verão ocorre o contrário: é comum ainda haver claridade natural por volta das 20 ou até 22 horas. É por isso que nesses lugares o horário de verão faz diferença.
O HORÁRIO DE VERÃO é um recurso adotado tanto por países do hemisfério Norte (de março a outubro) quanto do Hemisfério Sul (outubro a março). No Brasil, os relógios eram adiantados em 1 hora, mas isso pode variar de acordo com o país. Fonte: Wikipédia.
E o Brasil?
Nos países equatoriais (cortados pela linha do equador) e nos tropicais (situados entre o Trópico de Câncer e o Trópico de Capricórnio), a incidência de luz solar é mais uniforme durante todo o ano e dessa forma não há muita vantagem na adoção do horário de verão.
Até bem pouco tempo o Brasil era o único país equatorial do mundo que adotava o horário de verão. Quando o fazia, a economia de energia elétrica não é considerada o fator predominante. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a motivação de se estabelecer esse dispositivo no Brasil era mais pela segurança do sistema.
Durante os meses do verão costumava ocorrer um aumento na demanda de energia, particularmente por volta das 18h, quando as pessoas retornam para seus lares e ligavam luzes, chuveiros, fornos etc. Esse também é o horário em que a iluminação pública é acionada. O aumento brusco da demanda poderia ter impacto negativo na estabilidade do sistema elétrico.
FUSOS HORÁRIOS O Brasil tem quatro zonas horárias: o Horário do Acre (ACT), do Amazonas (AMT), de Brasília (BRT) e de Fernando de Noronha (FNT). A maior parte da população vive no fuso UTC-3 horas (BRT). Clique na figura para ver.
Caindo em desuso
Mudanças nos hábitos de consumo das populações têm indicado que a eficiência na economia de energia com o horário de verão vem caindo a cada ano. O pico do consumo no verão também se deslocou para o meio da tarde, quando uma quantidade maior de aparelhos de ar condicionado estão ligados. Um estudo divulgado pelo ONS considerou quase nula a economia de energia durante o horário de verão 2017/2018.
O fim do horário de verão também vem sendo discutido em vários outros países. O Parlamento Europeu, por exemplo, decidiu suspendê-lo a partir de 2021 em todos os países membros da União Européia. Nos Estados Unidos, várias iniciativas no Congresso e em Câmaras estaduais também querem o fim do sistema.
Dia de 25 horas
Sempre que começa um horário de verão, isto é, quando se subtrai uma hora do dia, adiantando os relógios em uma hora, causamos um desconforto físico (por afetar o relógio biológico) e psicológico (por causar a sensação de perda de tempo).
Quando ele termina, ao contrário, temos essa hora que nos foi tomada de volta e a ilusão de um dia com 25 horas. É uma ilusão porque na verdade estamos apenas nos reajustando à natureza.
Com o fim do horário de verão os fenômenos celestes (nascer o pôr do Sol, por exemplo) voltam a coincidir com o horário “normal” – que se não serve para economizar ou garantir mais segurança ao sistema elétrico, pelo menos é aquele com o qual estamos acostumados há centenas de milhares de anos. 
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