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Ano VI - Nº 283 |
Planetas órfãos |
Folha On Line - 5 de agosto de 2006 |
O maior tem sete vezes o tamanho de Júpiter e foi detectado a cerca de 400 anos-luz do Sol. O fato extraordinário é que ele não gira em volta de uma estrela, mas em torno de outro corpo frio. A descoberta foi realizada por astrônomos do Observatório Austral Europeu, no Chile. Nos últimos cinco anos foram observadas algumas dezenas de objetos menores, flutuando nas proximidades de regiões de formação de estrelas. Até agora eles vêm sendo chamados de planemos, mas nunca antes haviam sido vistos dois deles juntos. São gêmeos planetários inéditos, cada um com cerca de 1% da massa do Sol. Não estão em órbita de uma estrela. Estão livres, vagando solitários pelo espaço. Sua mera existência é uma surpresa e sua origem e futuro são um grande mistério. |
Vida em Marte desacreditada |
Sky Tonight - 4 de agosto de 2006 |
Parecia uma cena de filme: dez anos atrás, nesta mesma época, era anunciada a descoberta de vida em Marte. Numa coletiva à imprensa em Washington, pesquisadores mostravam empolgados fotografias de um meteorito de origem marciana recheado de estruturas que pareciam colônias bacterianas fossilizadas. Até Bill Clinton, então presidente dos Estados Unidos, fez um pronunciamento a respeito da descoberta. Precavido, mas igualmente interessado, Carl Sagan (1934-1996) diria: Se for confirmada, essa descoberta será um marco decisivo na história humana. Dez anos depois, a descoberta permanece não confirmada. Na verdade surgiram várias hipóteses não biológicas para explicar as marcas no famoso meteorito ALH84001, descoberto na Antártica em 1984. No começo, ALH84001 não foi classificado e assim permaneceu até 1993, quando os investigadores perceberam que a rocha viera de Marte. Na ocasião, menos que uma dúzia de meteoritos conhecidos tinham essa origem. Mas ALH84001 também se mostrou muito mais antigo que os outros meteoritos marcianos. Cerca de 4,5 bilhões de anos, remontando um período da história marciana em que poderia haver água líquida – uma condição aceitável para o surgimento da vida. Fazia todo o sentido do mundo perguntar: poderia haver indícios fósseis de micróbios marcianos antigos, ou talvez rastros deles, preservados em ALH84001? E a resposta foi sim. Primeiro, a análise química mostrou que o meteorito possuía uma variedade de moléculas orgânicas conhecidas como hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs, na sigla em inglês). Os PAHs podem ser produzidos através de processos biológicos, mas também são encontrados em asteroides, cometas e meteoritos, sem contar que o gelo antártico onde ALH84001 foi achado tinha 13.000 anos. Segundo porque gotas compridas nas imagens no microscópio eletrônico sugeriam fósseis de bactérias marcianas antigas. O problema era que as tais gotas eram muito menores que qualquer bactéria já vista na Terra – de cem a mil vezes menor que qualquer organismo vivo conhecido. Os supostos organismos extraterrestres não poderiam ter proteínas, DNA e outras moléculas necessárias até mesmo nos processos metabólicos mais simples. Nós certamente não convencemos a comunidade científica, e isso nos deixa um pouco desapontados, lamentou David McKay, bioquímico da NASA e chefe da equipe que iniciou todo o episódio do meteorito marciano. O descrédito aumentou ainda mais quando, em 2001, uma equipe de pesquisadores que incluiu o próprio irmão de McKay conseguiu mostrar que grãos de magnetita poderiam criar as estruturas de ALH84001. Pior foi quando análises de um outro meteorito marciano, dessa vez de uma época recente, quando Marte já era frígido e inóspito como hoje, mostraram estruturas muito similares. Entre os cientistas, são poucos os que ainda acreditam que Marte tenha sido habitado um dia. Nada que não possa mudar à luz de novas descobertas. |