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Ano VI - Nº 278 |
Receita universal |
Portal do Astrônomo - 28 de junho de 2006 |
Comece com uma grande quantidade de matéria escura (um tipo de matéria que não pode ser observada diretamente, mas cuja existência pode ser comprovada pela sua influência gravitacional). Misture com gás hidrogênio e mexa bem. Deixe a mistura repousar por, pelo menos, vários milhões de anos. No final, retire do forno e você terá uma galáxia. Mesmo sem poder cozer uma galáxia em casa, esta receita universal afirma que da mesma forma que precisamos de fermento para fazer crescer um bolo, será necessária a substância mais misteriosa do Universo – a matéria escura – para fazer surgir e crescer uma galáxia. Recentemente, um estudo baseado em observações do Telescópio Espacial Spitzer sugere também que uma quantidade mínima de matéria escura tem que estar presente antes de uma galáxia se formar. Um pouco menos e não será possível a formação de uma galáxia, ou seja, o correspondente cósmico de um bolo que não cresceu no forno. O conceito de matéria escura surgiu nos anos 70, quando se percebeu que a velocidade das estrelas de algumas galáxias não obedecia ao que seria esperado levando em conta a distribuição da massa nestas galáxias. Talvez existisse uma massa invisível causando a gravidade complementar necessária para se observar o efeito. Como o nome sugere, a matéria escura não emite luz – e por isso nenhum telescópio comum consegue observá-la diretamente. A chamada matéria comum, da qual nós, a Terra e todos os tipos de corpos celestes que conhecemos são feitos, emite radiação eletromagnética: luz. Mas as medidas indicam que o Universo contém cinco vezes mais matéria escura do que matéria comum! Conhecer melhor essa estranha forma de matéria e sua influência na evolução do Cosmos é um dos maiores desafios da ciência moderna. Por hora, o que se sabe ao certo é que ela faz parte das receitas de família mais bem guardadas do Universo. |
Voo rasante |
Space.com - 26 de junho de 2006 |
Um asteroide com cerca de 800 metros de diâmetro e descoberto há dois anos (2004 XP14) passou muito perto da Terra nesta segunda-feira, mas sem risco de colisão. Notícias como essa devem se repetir várias vezes no futuro. O asteroide 2004 XP14 passou a cerca de 432 mil quilômetros, pouco mais que a distância da da Lua. Em 2029, outro asteroide, chamado Apofis, passará ainda mais perto, o suficiente para ser observado a olho nu. Uma colisão catastrófica é pouco provável, mas não impossível. A última vez foi em 1908, quando um pedaço de cometa ou asteroide devastou mais de dois mil quilômetros quadrados na Sibéria, na época sem povoamento. O fato é que desde os primórdios a Terra vem sofrendo bombardeamento de asteroides. Há mais de 160 crateras já identificadas e outras tantas que se apagaram por efeitos erosivos. As maiores marcas assinalam períodos onde a vida na Terra sofreu duros golpes, como a cratera Chicxulub, na península de Yucatan (produzida há 65 milhões, quando da extinção dos dinossauros), e a cratera Wilkes Land (duas vezes maior, de 250 milhões de anos de idade), na Antártica. Mesmo assim – e apesar dos inúmeros boatos que circulam pela Internet – não se conhecem asteroides em rota de colisão com o nosso planeta, apenas vôos rasantes como o de 2004 XP14 e Apofis. |