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Ano VI - Nº 274 |
Convergindo forças |
Science@Nasa - 3 de junho de 2006 |
Duas tempestades gigantes estão prestes a ocorrer juntas – e você pode presenciar tudo do seu quintal. Nada de pânico, o cenário dantesco acontecerá bem longe de qualquer cidade da Terra. Uma das tempestades é nada menos que a Grande Mancha Vermelha de Júpiter, duas vezes o tamanho da Terra, com ventos de quase 600 km/h que sopram há séculos sobre o manto nebuloso do maior planeta de todo o Sistema Solar. A segunda vem sendo chamada de Red Jr. (Vemelha Júnior), outra tempestade gigante de Júpiter, porém com apenas seis anos de existência, cerca da metade do tamanho da Grande Mancha e ventos igualmente velozes. Esses dois ciclones medonhos estão convergindo, mas tudo indica que não haverá uma colisão frontal. A maior aproximação entre eles deve acontecer na primeira semana de julho, sendo visível com telescópios amadores. Encontros desse tipo já aconteceram antes, mas desta vez será diferente. Vemelha Jr. está se intensificando, e na verdade adquiriu essa cor no ano passado (antes era uma mancha branca denominada Oval BA). Em Júpiter, a atmosfera está dividida em faixas, com diferentes padrões de vento. Júpiter gira sobre si mesmo uma vez a cada 10 horas, mas as tempestades flutuam um pouco quando comparadas com a rotação. Vermelha Jr. está logo acima e à direita da Grande Mancha, e o encontro das duas em julho deve empurrar a tempestade menor com violência – ou não. Veremos. É para isso que os telescópios servem. |
O segredo dos metais |
Space.com - 1 de junho de 2006 |
Descobrir planetas extra-solares não é uma tarefa simples, embora os métodos estejam melhorando cada vez mais, como mostram as crescentes descobertas. Um dos métodos utilizados é a detecção por meio do trânsito planetário, ou seja, quando o planeta passa à frente de sua estrela, do nosso ponto de vista na Terra. Porém, dessa forma, só conseguimos observar planetas muito grandes, que eclipsam uma pequena parte do brilho estelar. Eles são chamados de Júpiters quentes (planetas grandes e muito próximos de sua estrela). Os conhecidos têm entre 100 e 430 massas terrestres (Júpiter possui 318 vezes a massa da Terra). Embora raros, o trânsito de planetas extra-solares podem nos revelar muito sobre a formação desses mundos distantes, pois se pode determinar simultaneamente sua massa e raio. Com esses dados é possível obter a densidade média que, em princípio, pode nos dar pistas importantes sobre a composição do planeta. Mas dos 9 planetas descobertos até abril de 2006 através de seu trânsito, apenas o de menor massa teve a composição determinada de forma satisfatória. Agora, um novo estudo propõe abordar o assunto de um jeito novo, mostrando uma correlação muito forte entre a massa de elementos pesados dos planetas extra-solares e a metalicidade de suas estrelas-mãe. Na Astronomia, são considerados metais (ou elementos pesados) todos os elementos químicos de número atômico superior ao do hélio. Assim, a abundância de metais de um objeto celeste é a abundância química de todos os seus elementos, exceto hidrogênio e hélio. Segundo o novo estudo, publicado na revista Astronomy and Astrophysics, os planetas extra-solares com menos de 20 massas terrestres de elementos pesados orbitam estrelas com composição solar, enquanto planetas com até 100 massas terrestres de elementos pesados orbitam estrelas com cerca de três vezes a metalicidade solar. Essas conclusões, juntamente com a ausência de planetas extra-solares gigantes muito perto estrelas de metalicidade baixa, parecem indicar que os elementos pesados desempenham um papel chave na formação de exoplanetas do tipo Júpiter quente. A correlação entre a composição planetária e estelar ainda tem de ser confirmada por uma amostra maior de planetas em trânsito, mas o trabalho já marca o primeiro passo no estudo da natureza física dos planetas de outros sistemas estelares. |