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Ano VI - Nº 258 |
O ladrão de estrelas |
Spaceflight Now - 11 de fevereiro de 2006 |
Como reconhecer um ladrão de estrelas? Não é difícil. Ele deve ser grande ou muito denso. Capturá-lo em flagrante é outra história, mesmo que os indícios do roubo sejam um tanto evidentes. Mais ainda se o gatuno atacou muitas vezes. Foi assim que uma equipe de astrônomos italianos começou a suspeitar que a nossa própria galáxia, a Via Láctea, estaria por trás de um roubo literalmente astronômico. A vítima é o aglomerado globular conhecido como Messier 12 (M12). Ele teria perdido cerca de um milhão de estrelas para a nossa ilha estelar. Mas por que a Via Láctea é a principal suspeita? A resposta vem por comparação. Em nossa vizinhança estelar e na maioria dos aglomerados globulares, as estrelas de pouca massa são mais comuns. A diferença é enorme. Para cada estrela com a mesma massa que o Sol, por exemplo, espera-se encontrar umas quatro pesando a metade que o astro-rei. Mas ao estudar a luz de M12, os italianos perceberam que esse aglomerado é notavelmente destituído de estrelas de pouca massa se comparado aos outros 200 aglomerados conhecidos ao redor da galáxia. É que M12 andou se aventurando muito perto do núcleo da Via Láctea, uma região densamente povoada e onde deve morar pelo menos um buraco negro. A órbita de M12 continua viciosamente o levando para lá, e a cada passagem mais afoita, a núcleo galáctico lhe roubará mais estrelas (veja esta gravura). Estima-se que em 4,5 bilhões de anos não restará mais estrelas em M12. Muito antes dos 30 milhões de anos de vida de um aglomerado globular típico. Melhor tomar precauções extras ao passar pelo centro da galáxia. |
Mega sistema solar |
Space.com - 8 de fevereiro de 2006 |
Pense numa estrela bem grande. Tão grande que se estivesse no lugar do Sol, todos os planetas rochosos, incluindo a Terra, caberiam confortavelmente em seu interior. Chamá-la de estrela gigante é um insulto. Para os astrônomos, elas são hipergigantes. Muito quentes, brilhantes e com fortes ventos solares, a última coisa que se espera é haver formação de planetas ao seu redor. Mas foi exatamente o que o Spitzer encontrou – não em uma, mas em duas hipergigantes, uma com 30 e a outra com 70 vezes mais massa do que o Sol (veja o diagrama). O telescópio espacial infravermelho detectou enormes quantidades de poeira; discos protoplanetários já muito bem constituídos e repletos de cometas e grandes corpos, os conhecidos planetesimais. Os astrônomos acreditam que o disco de poeira também se esparrama por uma órbita 60 vezes mais distante do Sol que Plutão. Mas há um problema. Estrelas tão volumosas quanto as observadas pelo Spitzer não vivem muito tempo. Eles queimam todo seu combustível nuclear em alguns milhões de anos (o Sol leva dez bilhões de anos para fazê-lo), terminando sua existência sempre em formidáveis explosões chamadas supernovas. O que quer que se forme em volta delas não vai ter muito tempo. Eventuais formas de vida apenas despontariam em suas formas mais primitivas – e logo seriam incineradas junto com seus mundos. |