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 Ano IV - Nº 165

Astronomia brasileira na 1ª divisão
Folha On Line - 16 de abril de 2004

Começa a operar neste fim de semana em Cerro Pachon (400 km ao norte de Santiago, no Chile) o telescópio SOAR (Observatório Meridional de Pesquisa Astrofísica, na sigla em inglês), construído por um consórcio internacional formado por Estados Unidos, Chile e Brasil.

Mais de 1.600 vezes superior ao melhor telescópio instalado em solo brasileiro, o SOAR está na cordilheira dos Andes, 2.700 metros acima do nível do mar e possui um espelho de 4,2 metros de diâmetro (com óptica ativa e adaptativa).

O Brasil investiu US$ 12 milhões (34% do total) com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O restante veio dos Estados Unidos (33% do governo norte-americano e outros 33% das universidades da Carolina do Norte e de Michigan).

Isso faz do Brasil um sócio majoritário, e João Steiner, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo foi escolhido presidente do comitê diretor do telescópio.

Ele fez uma analogia com o futebol para explicar a importância do novo observatório para o país, afirmando que a Astronomia brasileira começará a disputar para valer o campeonato da primeira divisão em sua categoria.

Os recursos do SOAR são sofisticados a ponto de competir até mesmo com o telescópio espacial Hubble, obtendo imagens, em alguns casos, ainda melhores que as do telescópio orbital. O Brasil terá direito a 34% do tempo de uso do observatório, o equivalente a aproximadamente 112 dias por ano.

Sedna não tem lua
Science@Nasa - 14 de abril de 2004

O planetóide chamado Sedna (2003 VB12), localizado além de Plutão, foi fotografado pelo telescópio espacial Hubble. O observatório orbital enviou 35 imagens obtidas no dia 16 de março, um dia depois no anúncio de sua descoberta, feita por Michael E. Brown e uma equipe de astrônomos do Instituto de Tecnologia da Califórnia.

Eles estavam certos de que Sedna teria uma lua (uma das concepções artísticas exibidas ao público mostrava o suposto satélite) por causa de sua rotação de 40 dias. Um satélite pode frear a rotação de seu companheiro por ação das chamadas forças de maré, assim como ocorre entre a Lua e a Terra.

No caso de Sedna, para efeito de comparação, quase todos os corpos solitários do Sistema Solar, como cometas e asteroides, completam uma volta em torno de seu próprio eixo em poucas horas.

Porém, surpreendentemente, as imagens do Hubble não sugerem a existência de uma lua para Senda – o que aumenta o mistério sobre esse mundo distante. "Eu estou totalmente perplexo com a ausência de uma lua" afirmou Mike Brown. "Isso torna Sedna ainda mais interessante".

As novas observações ainda serviram para melhorar as estimativas do tamanho de Sedna, agora suposto com no máximo 1.600 km de diâmetro (o que o coloca próximo de 2004 DW, outro gigante descoberto pela mesma equipe e também além da órbita de Plutão.