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Ano III - Nº 139 |
EDIÇÃO HISTÓRICA China envia um homem ao espaço |
Agência FAPESP e Boletim Em Órbita. - 15 de outubro de 2003 |
Depois de mais de uma década de desenvolvimento e quatro décadas depois da União Soviética e dos Estados Unidos, a China tornou-se a terceira nação do planeta a enviar uma missão tripulada para a órbita da Terra. O nome Yang Liwei figura agora entre os pioneiros Yuri Gagarin e John Glenn. A primeira missão espacial tripulada da China foi lançada à 01:03 UTC de 15 de outubro (22:03 de 14 de outubro no Brasil, pelo horário de Brasília). O veículo lançador foi um foguete Longa Marcha CZ-2F Chang Zheng-2F, que partiu do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan, no Deserto de Góbi, Mongólia Interior. A bordo da cápsula Shenzhou 5 (ou Shen Zhou, nome que pode ser traduzido como "Embarcação Divina") seguiu Yang Liwei, de 38 anos, o primeiro cidadão chinês a viajar ao espaço. A missão da Shenzhou 5 durou aproximadamente 21 horas, executando 14 órbitas em torno da Terra. A cápsula 5 regressou às 22:30 UTC de 16 de Outubro (19:30 no Brasil). Este foi o 4.293° lançamento orbital desde 4 de outubro de 1957, data do lançamento do primeiro satélite artificial da Terra, o Sputnik. Parte do sucesso histórico do programa espacial chinês está relacionado com o domínio da tecnologia de lançar satélites que o país mais populoso do mundo desenvolveu. O programa Longa Marcha existe desde 1970. Até a primeira missão tripulada da China foram feitos 71 lançamentos, dos quais apenas seis tiveram problemas. Foram desenvolvidos 12 lançadores tipo Longa Marcha. O Brasil também já usufruiu dessa tecnologia, e vai usá-la novamente ainda este mês. Em 1999, em Taiyuan, ocorreu o lançamento do primeiro satélite construído em conjunto pela China e Brasil: o CBERS-1, de sensoriamento remoto, que ainda está em órbita. O CBERS-2, também construído por brasileiros e chineses, vai ser lançado dia 21 e será usado para transmitir imagens sobre o uso do espaço terrestre, como o crescimento das manchas urbanas e os desmatamentos. A cápsula Shenzhou 5 é um veículo ainda mais versátil que a Soyuz TMA, com capacidade para 3 tripulantes e 20 dias de voo autônomo. Embora o projeto da Shenzhou tenha sido totalmente concebido na China, ele teve forte envolvimento de especialistas russos e contou com a ajuda da empresa RSC Energia, que vendeu uma cápsula Soyuz aos chineses, para estudos. A próxima aventura espacial de China poderá acontecer dentro de apenas alguns meses. O feito da Shenzhou 5 pode ser repetido (Shenzhou 6) com uma tripulação maior ou num voo de maior duração. A china já é parte do Clube dos Grandes, a "primeira divisão" da Astronáutica, formada inicialmente por Estados Unidos e Rússia – e consolidará cada vez mais sua posição no campo das atividades espaciais. |